Caoa Chery: sem acordo, qual o futuro em Jacareí?

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Fábrica de Jacareí-SP

No fim de semana, a Caoa Chery emitiu uma nota negando acordo com o sindicato dos trabalhadores de São José dos Campos e região, quanto à proposta da entidade.

Como se sabe, o sindicato havia anunciado que teria fechado um acordo com a montadora para garantir três meses de estabilidade e mais cinco meses de layoff com continuidade das atividades fabris em Jacareí até o final do ano.

No entanto, a Caoa Chery diz que “a alteração do estabelecimento fabril (e do maquinário) decorre do contexto internacional e, também, da necessidade da empresa se adequar às novas tecnologias, visando a produção no Brasil de veículos eletrificados”.

Ou seja, a Caoa Chery mantém a decisão de fechar a planta temporariamente e demitir 485 funcionários. Para estes, a montadora revelou a proposta indenizatória.

Na nota, a empresa disse que a indenização pode “alcançar o teto máximo de 15 salários base para os empregados que contem com sete anos ou mais de empresa em 01.03.2022, e, no mínimo, 7 salários (para aqueles com até 2 anos de contrato). Aguardaremos para o início da semana a resposta do sindicato e de seus representados. Caso mantido o impasse com custos adicionais a empresa será obrigada a declinar a proposta”.

A Caoa Chery afirmou que as atividades na planta foram submetidas a estudos, em março, diante da proposta do sindicato na ocasião, mas que agora não há como retroceder na decisão de encerrar a produção.

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Fábrica de Anápolis-GO

Ela também argumentou que o layff é um instrumento usado para casos de rápido retorno à produção, que não é a questão em Jacareí. A montadora não mencionou na nota a data de retorno da produção, mas o sindicato fala em 2025.

Em nota anterior, a Caoa Chery também não fala quando retornará à operação em Jacareí, apenas indicando que precisa fazer mudanças para produzir carros eletrificados na unidade.

Bem, considerando o sindicato, três anos é tempo demais para converter uma fábrica para elétricos. A GM precisará de quatro meses em Ramos Arizpe, México, para fazer o mesmo, por exemplo.

Sobre o encerramento por parte da Caoa Chery, a empresa pode manter a planta fechada como a Honda fez em Itirapina-SP, por três anos. Caso a montadora entenda que pode retomar, refaria o investimento nas instalações para outros fins ou o proposto.

Deve-se lembrar que a marca praticamente saiu do segmento de entrada com o fim do Tiggo 3x e pode seguir o caminho da Ford, só com produtos de alto valor agregado.

Nesse caso, não faria sentido manter duas fábricas, se Anápolis-GO pode tecnicamente fazer tais eletrificados. Olhando por esse lado, Jacareí não teria mais propósito e somente a venda da instalação seria a solução.

Com venda da fábrica ou retomada em algum momento, o futuro da Caoa Chery em Jacareí agora é incerto.