Apesar de crescerem em relevância, plataformas de marketplace ainda são utilizadas apenas por 27% dos empreendedores presentes no e-commerce
De acordo com dados da NuvemCommerce, estudo anual da plataforma de e-commerce Nuvemshop, as pequenas e médias empresas do varejo online faturaram mais de R$ 4,7 bilhões em 2024, um aumento de 42% em relação ao ano anterior. Apesar do crescimento, há margem para um desenvolvimento maior, já que apenas 27% dos varejistas disponibilizam seus produtos em marketplaces como um complemento à loja virtual.
Segundo Fabio Ludke, especialista do Ecommerce na Prática – líder global em educação para e-commerce –, entre os motivos para essa baixa utilização estão a falta de familiaridade com os processos de cada uma das diferentes plataformas de marketplace, a concorrência e um receio de não lucrar, por conta das margens de comissão.
“Entendemos que os marketplaces dominam uma fatia relevante do comércio e usar esse fluxo de clientes e visibilidade a favor da loja pode fazer diferença na aquisição de clientes e receita do negócio. No entanto, como cada um tem sua particularidade, é importante o lojista se aprofundar nas melhores estratégias para cada um”, afirmou Ludke.
- Mercado Livre: o Mercado Livre é, atualmente, líder em pesquisas orgânicas entre as plataformas de marketplace do país, e, por esse motivo, um dos preferidos dos varejistas. Para se destacar nesse cenário concorrido, é essencial criar bons anúncios, preenchendo corretamente todos os campos do produto e utilizando fotos de alta qualidade. Além disso, trabalhar bem a parte de “clip” (vídeos curtos) da plataforma pode impulsionar a conversão. “Os vídeos devem ser gravados na vertical, destacando os diferenciais do produto e o diferencial da sua loja, com produções únicas que inserem os itens em vários contextos reais e de como pode ser utilizado no dia a dia”, comenta Fabio. Outra estratégia importante é a utilização de ofertas compartilhadas na Central Mercado Livre e, principalmente, o Mercado Livre Ads, que permite ampliar o alcance e aumentar as vendas. E, para potencializar os resultados, é fundamental analisar os termos mais buscados dentro da plataforma e utilizá-los estrategicamente nos anúncios, alinhando-se à demanda do marketplace.
- Shopee: a Shopee é uma plataforma acessada majoritariamente por jovens de 18 a 31 anos, sendo 70% desse público feminino. Para obter bons resultados, o caminho é criar anúncios atrativos e configurar corretamente as campanhas no Shopee Ads, o que garante um retorno eficiente sobre o investimento. “A plataforma possui filtros que bloqueiam determinadas palavras nos anúncios, por isso é importante revisar os textos para evitar penalizações”, destaca a especialista. Outra estratégia é trabalhar com descontos e ofertas relâmpago, uma vez que a Shopee é popularmente associada a preço baixo. “Essas promoções podem gerar um grande volume de vendas, mas é preciso calcular bem a margem de lucro por conta das comissões da plataforma.”
- Amazon: a Amazon possui ferramentas específicas que podem auxiliar o vendedor, sendo essencial o uso de palavras-chave relevantes para otimização de anúncios. O algoritmo da plataforma valoriza tanto palavras-chave mais longas e específicas quanto mais amplas e genéricas, tornando esse aspecto fundamental para o sucesso das vendas. Além disso, é recomendado priorizar produtos com boa margem de lucro, permitindo maior competitividade na precificação. “O Amazon Buy Box é relevante pois destaca anúncios campeões. Para aumentar as chances de conversão, o empreendedor pode entrar nesses anúncios e competir oferecendo um preço atrativo com palavras-chave que potencializam o produto”, pontua Fabio.
- Aliexpress: a Aliexpress possui uma poderosa ferramenta de controle de lojista, o “Consultor de Negócios”, e, por meio dela, o empreendedor pode entender melhor o seu desempenho e recalcular estratégias quando preciso. Além disso, a empresa privilegia, em sua primeira página, produtos que gerem alto desejo no consumidor, então é importante estar antenado com tendências de mercado e com estratégias de marketing e branding para criar uma identidade visual em seus anúncios que cative o público.
- Magazine Luiza: eletrodomésticos, móveis e utilitários costumam se destacar neste marketplace. Por lá, o empreendedor pode utilizar ferramentas tecnológicas avançadas, tanto em anúncios (Magalu Ads) quanto pagamentos (MagaluPay), todas já integradas. É importante, então, que o empreendedor se familiarize e desfrute dessas possibilidades, refinando sua imagem e fidelizando clientes.
- Shein: atualmente, a Shein é considerada o maior e-commerce de moda do mundo, e isso foi conquistado graças aos preços altamente competitivos e por atender uma demanda de tendências de moda em tempo real. O que poucos lojistas sabem é que eles podem colocar seus produtos para vender lá dentro, desde itens de moda até eletrônicos. O empreendedor que quiser se destacar nessa plataforma deve se atentar sempre aos aspectos visuais e às tendências tecnológicas – por exemplo, provadores virtuais. “Os clientes da Shein são muito antenados a promoções; alguns chegam a esperar 00h para conferir novas ofertas. Além disso, o frete grátis por ser um gatilho de venda adicional, visto que as compras internacionais agora possuem taxas adicionais e custo de frete embutido”, destaca.
De forma geral, os marketplaces vão demandar dos lojistas atenção à criação de anúncios, volume de anúncios com variações de termos-chave, imagens atrativas e preços competitivos para dentro das diferentes plataformas de marketplace. O mais indicado é que, após realizar uma venda neste canal, envie cupons ou benefícios especiais junto do produto para os consumidores a fim de apresentar sua loja e estimular que façam a próxima compra no seu site, onde é possível que tenha uma margem de lucro maior, mais controle e acesso às informações deste cliente para fidelizá-lo.