Vendas do varejo paulista registraram alta de 2,9%, entre janeiro e setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2023. Confira as análises dos empresários do varejo de São Paulo
Entre janeiro e setembro de 2024, o volume de vendas do varejo no Estado de São Paulo (PMC/IBGE) cresceu 2,9% em relação ao mesmo período de 2023. Das 11 atividades analisadas, apenas 3 sofreram queda no faturamento. A geração de empregos também apresentou um cenário favorável. Nos primeiros nove meses deste ano, o varejo paulista criou cerca de 24,2 mil novos postos de trabalho, contra 8,2 mil registrados no mesmo período de 2023. Apenas um dos oito segmentos avaliados apresentou desempenho negativo. Os dados fazem parte de um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), um dos temas do encontro regional realizado em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista e Lojista do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP), na última terça-feira (5), em São Paulo.
O evento — que teve como anfitrião o presidente do Sindilojas-SP, Aldo Nuñez Macri — contou com as participações dos empresários do varejo de São Paulo, bem como dos sindicatos que compõem a Câmara Varejista da Capital do Conselho do Comércio Varejista da FecomercioSP, além do presidente em exercício da Entidade, Ivo Dall’Acqua Júnior; da presidente do CCV, Gisela Lopes, e dos assessores Jaime Vasconcellos e Paulo Igor, ambos também da Federação. Além do Sindilojas-SP, estiveram presentes representantes de sindicatos do comércio varejista dos seguintes segmentos: Produtos Alimentícios; Material Óptico, Fotográfico e Cinematográfico; Pneumáticos; Produtos Farmacêuticos; Material de Construção, Maquinismos, Ferragens, Tintas, Louças e Vidros; e Flores e Plantas Ornamentais.
Análises sobre a conjuntura atual e a futura
Na visão da Entidade, o desempenho positivo do setor foi impulsionado por um ambiente econômico mais aquecido, apresentando avanço no emprego, elevação da renda disponível dos consumidores e, consequentemente, aumento do consumo das famílias e do volume de vendas do Comércio. “Por outro lado, houve um crescimento das operações de crédito, o que demonstra que as famílias estão se endividando para consumir. A longo prazo, isso pode ocasionar maior número de inadimplentes”, alertou Vasconcellos, da FecomercioSP.
Além disso, a Federação chamou a atenção para possíveis riscos e consequências desse cenário. “Se o consumo estiver acima da capacidade da economia de sustentar a demanda, haverá alta da inflação e mais desequilíbrio fiscal, além de elevação nos juros e menos crescimento futuro”, comentou o assessor.
E o e-commerce?
Essa conjuntura positiva também promoveu transformações que foram aceleradas durante e após a pandemia de covid-19, quando houve um salto do comércio eletrônico no Brasil. Em 2023, as receitas do setor somaram R$ 205,1 bilhões. Há oito anos, esse montante era quatro vezes menor (R$ 53 bilhões, em 2016). Em 2020, o setor aumentou o faturamento em 80,9% em comparação ao ano anterior — último antes da crise sanitária. Desde então, o e-commerce sustentou esse crescimento das receitas.
Os dados da FecomercioSP ainda mostram aos empresários do varejo de São Paulo que o estado é o maior mercado consumidor de produtos dentro do e-commerce, assim como é de onde saem quase metade das vendas para outras unidades federativas, levando em conta apenas transações realizadas por empresas sediadas no Brasil. Em 2023, quase 33% de todo o mercado consumidor dessa modalidade de venda, em termos nacionais, estavam em São Paulo. Em outras palavras, de cada R$ 100 reais consumidos no comércio eletrônico do País, R$ 33 vieram do mercado paulista.
Frente a esse desempenho positivo, o comércio eletrônico consolidou a sua posição dentro do varejo nacional, representando, hoje, 6,9% de todas as vendas desse imenso setor que dinamiza a economia do País e tem força relevante na composição do Produto Interno Bruto (PIB). Sete anos atrás, essa margem era de apenas 2,4%. Dentre os dez produtos com o maior volume financeiro de transações no Estado de São Paulo em 2023, o campeão foi o smartphone, rendendo um faturamento bruto de R$ 3,2 bilhões aos varejistas online. Em segundo lugar, ficou o grupo de livros, brochuras e impressos, com um volume de R$ 2 bilhões em vendas. Na sequência, as geladeiras (R$ 1,6 bilhão) e as máquinas digitais para processamento de dados (R$ 1,3 bilhão).
Após apresentar esse panorama, Vasconcellos ressaltou a importância do mês de novembro para o varejo e, principalmente, para as vendas digitais. Em novembro, ocorre a Black Friday, a principal data do setor online, fora as promoções pré e pós a data: “Esquenta Black Friday”, “Saldão Black Friday”, “Cyber Monday” e “Black November”. Puxado pela primeira parcela do décimo terceiro salário, novembro é o segundo melhor mês do ano quando se avalia a evolução do faturamento bruto mensal do varejo paulista. Em 2023, por exemplo, as vendas totais do setor nesse mesmo mês somaram cerca R$ 114,1 bilhões, por volta de 10% maiores do que a média mensal de janeiro a outubro daquele ano. “O lojista que fica fora da Black Friday perde a oportunidade da sazonalidade positiva do fim de ano”, afirmou.