NRF 2025 destaca: países emergentes estão incorporando serviços de valor agregado ao varejo para impulsionar vendas

Oferecer serviços de finanças, como cartões de loja, co-branded ou de benefícios ajudam a melhorar a experiência de compra, aumentar a taxa de conversão e o ticket médio. Veja detalhes das discussões da NRF 2025

Países emergentes têm incorporado serviços de valor agregado ao varejo tradicional para impulsionar vendas, melhorar a experiência de compra, aumentar a taxa de conversão e o ticket médio dos negócios, de acordo com uma pesquisa exclusiva apresentada na NRF 2025, chamada “Retail Reinvention: a Framework for Future Growth” e elaborada pela Euromonitor International em parceria com a National Retail Federation (NRF).

De acordo com o estudo, isso se dá porque, nestes locais, é mais comum que se confie no setor varejista do que nos próprios bancos. Nestes territórios, algumas das alternativas utilizadas têm sido cartões de loja, co-branded ou cartões de benefícios.

“Os serviços financeiros no varejo são, com certeza, uma das melhores estratégias de cross-selling que um varejista pode e deve adotar. Nestes casos, o serviço financeiro acaba sendo complementar a algum produto que o cliente já adquiriu. Um cartão de loja, por exemplo, ajuda a fidelizar os clientes ao mesmo tempo que dá a ela melhores condições de pagamento, como parcelamentos ou descontos, além de um limite maior no cartão. O benefício recai tanto para o varejista quanto para o consumidor”, comenta Pedro Albuquerque, co-fundador e diretor de Novos Negócios da RPE – Retail Payment Ecosystem.

Um dos destaques da pesquisa apresentada na NRF 2025 é o crescimento do comércio eletrônico no setor varejista. A projeção é que, com a digitalização, esse setor represente 56% das vendas globais nos próximos cinco anos. Ao mesmo tempo, o e-commerce compartilha espaço com novos modelos de negócio, como marketplaces, vendas diretas e redes sociais. De acordo com o estudo, o mercado de marketplaces expandiu US$1,2 trilhão de 2018 a 2023, crescendo 10 vezes mais rápido do que o setor varejista em geral.

Outro fator que está transformando o varejo é a maior personalização da jornada de compra a partir do uso de dados do consumidor. Aliás, os clientes estão mais exigentes: seja no varejo físico ou online, eles buscam melhores recomendações de produtos, ofertas exclusivas, uma jornada de pagamento fluida e uma compra otimizada. Segundo a pesquisa, 1 em cada 5 pessoas quer experiências de compra personalizadas, adaptadas às preferências individuais.

“O combo para a construção de uma relação positiva do varejista com o cliente depende de vários fatores, como garantir uma experiência fluida e otimizada durante a venda, facilitar o pagamento das compras e proporcionar mais acesso ao crédito, além de um bom CRM para entender o comportamento do consumidor. Isso pode ser feito durante toda a jornada de compra, desde a busca pelo produto até o pós-venda. A partir da coleta e análise dessas informações, é possível entender, por exemplo, se no pagamento o lojista deve oferecer um cartão de loja ou um serviço de empréstimo e financiamento ao cliente, de acordo com o que ele precisa”, explica Albuquerque.

A NRF 2025 destacou ainda que, segundo o relatório “Retail Reinvention: a Framework for Future Growth”, encontrar promoções também é um fator decisivo para que o consumidor decida ou não por uma compra. Além disso, a qualidade do produto e valores como a sustentabilidade têm levado os consumidores a desistirem ou não de levar um item. De acordo com a pesquisa, 30% compram de marcas que apoiam questões sociais e políticas alinhadas com seus valores, e 25% podem chegar ao ponto de boicotar marcas que não compartilham essas crenças.

“As pessoas, principalmente as da Geração Z, estão cada vez menos monogâmicas. Elas gostam de uma marca, mas se tiver uma outra opção com um produto parecido que tenha preço melhor, elas vão para a outra”, diz Pedro Albuquerque. 

Segundo Michelle Evans, Global Lead, Retail and Digital Consumer Insights na Euromonitor International e autora do estudo, “grande parte das mudanças no comportamento de compra é impulsionada pela digitalização. Com a proliferação de canais, há cada vez mais opções disponíveis, então do ponto de vista de varejistas e marcas, isso representa um desafio, já que os consumidores esperam que estejam presentes em mais lugares. Por sua vez, isso exige estratégias de distribuição mais complexas para as marcas e maior presença dos varejistas em diversas plataformas. Além disso, os varejistas estão expandindo suas marcas próprias, o que traz implicações para as marcas tradicionais. Antes, as marcas fabricavam produtos e os vendiam para os varejistas, que os distribuíam. Mas, em um cenário onde os varejistas têm mais controle, o que isso significa para as marcas?”, reflete a especialista. 

A pesquisa conclui que, lentamente, o varejo está sendo redefinido. Antes, as lojas físicas eram o principal meio para os consumidores adquirirem produtos, mas hoje não há mais essa hegemonia. A evolução da tecnologia e o avanço da digitalização também estão invadindo o setor, obrigando-o a se reinventar para atender as necessidades e expectativas do consumidor. “O varejo sempre esteve e vai continuar na vanguarda das inovações, inclusive se posicionando na frente dos bancos, pois é capaz de fornecer um crédito melhor e mais rápido aos consumidores. Então, ele continuará fazendo o que já começou: contando com a expertise e integrando tecnologias avançadas para entender o comportamento do cliente e oferecer a melhor jornada de compra possível a ele”, comenta Albuquerque.