Varejo segue sendo destaque no bom momento da Bolsa brasileira

Principal destaque positivo foi o papel do Pão de Açúcar (PCAR3), que disparou mais de 55%. Confira mais números e a análise sobre as razões pelas quais o varejo tem extrapolado o bom momento da Bolsa brasileira

O Ibovespa seguiu em alta no mês de abril, com valorização de 2,40%, impulsionado pelo cenário mais favorável no mercado brasileiro, que inclui expectativa de corte na taxa de juros e dados econômicos ainda resilientes. No embalo desse movimento, o Índice Novo Varejo de Ações (INVA) também fechou o mês no azul e, mais uma vez, superou o principal indicador da Bolsa.

O desempenho do setor foi sustentado por ações de empresas que seguem negociadas abaixo do valor patrimonial e passaram a atrair investidores em busca de oportunidades. O destaque do mês foi o papel do Pão de Açúcar (PCAR3), que disparou mais de 55%. Já a Casas Bahia (BHIA3), que havia saltado 239% em março, teve a maior queda de abril em um movimento de correção.

Pão de Açúcar lidera ganhos e impulsiona o INVA

Com alta de +55,51%, o papel do Pão de Açúcar liderou com folga os ganhos entre as ações do varejo. A valorização refletiu a percepção mais favorável do mercado em relação ao plano de reestruturação da empresa e ao avanço em sua estratégia de desinvestimentos.

Outros destaques positivos foram Azza (AZZA3), com +29,06%, C&A (CEAB3) (+20,56%), Assaí (ASAI3) (+16,81%) e Grupo Mateus (GMAT3) (+20,24%). Track&Field, Guararapes, Carrefour e Lojas Renner também encerraram o mês com desempenho expressivo.

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Segundo Andréa Aznar, analista do BB Investimentos, o bom momento da Bolsa brasileira impulsiona o desempenho positivo do setor , já que esteestá inserido em um contexto de maior apetite por risco no país.

“O varejo se beneficiou de um movimento mais otimista, no qual empresas consideradas baratas passaram a ser vistas como oportunidade, especialmente em um cenário de fechamento da curva de juros”, afirma.

A analista destaca ainda que, apesar do ambiente mais favorável, há sinais de alerta. A inadimplência das famílias medidas pelo Serasa subiu para 46,6% da população, enquanto os dados de emprego de março mostram arrefecimento na criação de vagas. Ainda assim, indicadores como o Índice de Confiança do Consumidor (84,8 pontos) e o IBC-Br de fevereiro (+0,40%) seguem sustentando a leitura de uma economia aquecida no curto prazo.

“Acreditamos que os sinais mais consistentes de desaquecimento devam surgir apenas no segundo semestre”, completa Andréa.

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Casas Bahia lidera quedas após disparada histórica em março

Depois de registrar a maior valorização do setor em março (+239%), as ações da Casas Bahia (BHIA3) recuaram -47,29% em abril, na maior queda mensal do INVA. O movimento foi visto como uma correção após o rali especulativo gerado pela entrada de novos investidores e expectativas sobre mudanças estratégicas na companhia.

Outros papéis que fecharam no negativo a despeito do bom momento da Bolsa brasileira foram Westwing (WEST3) (-18,18%), Lojas Marisa (AMAR3) (-14,29%), Magazine Luiza (MGLU3) (-9,09%) e Mobly (MBLY3) (-7,02%). As quedas foram mais concentradas em empresas expostas ao consumo não essencial ou dependentes de crédito.

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O INVA

INVA é o índice criado pelo grupo Nhm para medir movimentações nas ações do segmento varejista listadas em Bolsa. Sua ideia é proporcionar uma leitura sobre o desempenho das operações relacionadas ao varejo que abriram capital e usam o pregão do Ibovespa para conquistar investidores e alavancarem seus negócios.

A metodologia do estudo reúne as movimentações diárias dos índices de fechamento de cada ação para criar uma média, o INVA – número médio medido entre a variação das 26 empresas selecionadas, que é comparado com o índice do Ibovespa gerando gráficos para a checagem do comportamento do varejo em relação à movimentação do mercado em geral, regulando os índices de forma a perceber variações em tempo real.