Copom mantém Selic em 15% ao ano para estabilizar o comércio

Setor Comércio e Decisão do Copom

Entidades representativas do setor de comércio consideram acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, destacando que a medida está alinhada com a desaceleração da atividade econômica.

A decisão do Copom foi unânime. Entre setembro de 2024 e a reunião anterior, em junho, o Banco Central elevou a Selic em 4,50 pontos percentuais, configurando o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, ficando atrás apenas do aumento de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, período pós-pandemia.

Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), destaca que, “apesar da desaceleração gradual da atividade econômica interna e da valorização do real, que tendem a reduzir a pressão sobre os preços, a inflação acumulada permanece muito acima da meta anual, em um contexto de expansão fiscal, expectativas inflacionárias ainda desancoradas e maiores incertezas externas, decorrentes da política comercial norte-americana, o que justifica uma política monetária mais cautelosa”.

Ajuste fiscal – A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) ressalta que nem todos os efeitos da política contracionista, intensificada desde setembro de 2024, já se refletem na economia, que, embora desacelere, permanece robusta.

A federação também menciona os impactos do ‘tarifaço’ dos Estados Unidos sobre o Brasil, que poderia contribuir para a redução da inflação, mas cujo efeito ainda é considerado “bastante incerto”.

A FecomercioSP lembra ainda que o Brasil “sofre com a falta de um ajuste fiscal sólido”, o que poderia favorecer a redução dos juros.

Perda de fôlego – A Confederação Nacional do Comércio (CNC) avalia que a economia brasileira começa a mostrar sinais de perda de fôlego, tanto nos indicadores de atividade quanto nos de preços. “No caso da inflação, os dados mais recentes indicam desaceleração nos preços de serviços e bens industriais, dois componentes que vinham pressionando o índice geral.”

Segundo a entidade, essa tendência também é observada nos chamados núcleos de inflação, métricas acompanhadas pelo Banco Central para captar o comportamento subjacente dos preços, que registraram média de 4,2% (IPCA-15). Com base nesse cenário, a CNC projeta que o IPCA encerre o ano em 4,8%.

A entidade informa ainda que acompanha atentamente os desdobramentos do cenário internacional, como a taxação dos EUA sobre produtos brasileiros e seus possíveis impactos na inflação e na atividade econômica.