Marketplaces fortalecem presença das indústrias no Aftermarket Automotivo via Shopee

Marketplaces impulsionam expansão das indústrias no Aftermarket Automotivo através da Shopee

Mercado de Autopeças no Brasil: Evolução dos Marketplaces

Até meados de 2024, o Mercado Livre dominava como a principal plataforma de marketplace no Aftermarket Automotivo brasileiro, refletindo a crescente importância desse canal para o setor. Contudo, desde então, uma estratégia estruturada da Shopee colocou a empresa em evidência, redefinindo o cenário competitivo do mercado de autopeças.

Com foco na ampliação do catálogo, parcerias com marcas automotivas e investimentos em soluções logísticas e de integração, a Shopee alcançou um crescimento de 80% nas vendas da categoria Auto & Moto entre 2023 e 2024, atraindo mais de 40 marcas nacionais para suas lojas oficiais no marketplace.

Felipe Lima, Head de Desenvolvimento de Negócios da Shopee, destaca: “Muitas marcas têm nos procurado, reconhecendo o potencial da Shopee como um canal estratégico, acessado mensalmente por um terço da população brasileira. Ao mesmo tempo, buscamos parceiros que compartilhem nosso compromisso com qualidade, inovação e experiência do consumidor.”

Um exemplo dessa parceria é a chegada da loja oficial da Chevrolet, viabilizada por meio da colaboração com a Alephee, especialista em integração de marketplaces. Essa união facilita a gestão de produtos, anúncios e vendas na plataforma, acelerando a digitalização do ecossistema automotivo, desde montadoras até oficinas independentes.

O segmento Auto & Moto cresceu a ponto de a Shopee lançar, em 2024, um espaço exclusivo no aplicativo dedicado à categoria, com filtros e funcionalidades que facilitam a navegação técnica dos consumidores — um diferencial importante em um setor onde erros na especificação podem gerar devoluções e retrabalhos.

Felipe Lima reforça: “Reconhecemos a crescente relevância do segmento no comércio eletrônico. Nossos planos incluem continuar investindo em recursos que facilitem a busca, compra e entrega, além de ampliar parcerias para oferecer maior variedade e melhores preços.”

Busca por autopeças triplicou na plataforma

Duas das marcas mais recentes a adotarem o modelo de loja oficial na Shopee foram Marelli Cofap e Takao, que entraram em julho e agosto, respectivamente.

Em comunicado, a Marelli Cofap destacou que, conforme o Relatório de Transformação Digital da América Latina, o Brasil teve o maior crescimento mundial em comércio eletrônico em 2024, com aumento de 16% nas vendas online. O marketplace registrou triplicação nas buscas por autopeças e crescimento superior a 80% nas vendas em comparação a 2023, acompanhando a expansão do setor e mantendo parcerias sólidas com distribuidores e revendedores.

Para a Takao, a entrada na Shopee faz parte de uma estratégia para se aproximar do público digital, ampliando a visibilidade tanto para consumidores finais (B2C) quanto para empresas (B2B). Clarissa Pinelli, Diretora de Marketing, afirma: “As plataformas eletrônicas ganham popularidade entre reparadores pela praticidade na compra de componentes. É fundamental oferecer uma estrutura online robusta que garanta uma compra rápida, fácil e segura.”

Segundo o Sensor Tower, a Shopee é o aplicativo de compras com maior tempo médio de navegação por usuário, reforçando sua importância para o segmento. A executiva da Takao complementa: “Ter uma loja oficial na Shopee é essencial para nossos objetivos, especialmente diante da relevância crescente do canal.”

Em ambos os casos, as lojas oficiais funcionam como espaços que reúnem vendedores autorizados — distribuidores, redes de varejo e centros automotivos — preservando a cadeia tradicional enquanto aproveitam a capilaridade digital.

Esse modelo também é adotado por outras indústrias na Shopee, indicando que, até o momento, o avanço dos marketplaces busca manter a “última milha” nas mãos dos parceiros tradicionais.

Venda direta ao consumidor (D2C) ainda é exceção no Brasil e no mundo

Apesar do receio que a quebra da cadeia tradicional gera, estudos indicam que a ruptura completa ainda está distante. Pesquisa da KPMG com 100 executivos, incluindo do setor automotivo, revelou que, embora haja interesse em canais D2C, barreiras estruturais dificultam essa transição, especialmente em setores com operações complexas.

Os principais desafios são o alto custo de marketing para atrair tráfego qualificado, a complexidade para montar operações robustas de atendimento e as dificuldades logísticas relacionadas à última milha, devoluções e trocas. Ou seja, vender direto exige estrutura, investimento e competências ainda em desenvolvimento.

O Boston Consulting Group (BCG) reforça que no Aftermarket Automotivo a venda direta enfrenta obstáculos técnicos, operacionais e estratégicos, além do risco de canibalizar canais de distribuição parceiros. Marcas que buscam o modelo D2C precisam desenvolver capacidades digitais avançadas, como CRM, SAC 24/7 e campanhas personalizadas, geralmente ausentes em indústrias focadas em B2B.

Vendas D2C representam apenas 5% do total comercializado no Brasil, enquanto nos EUA esse número chega a 15%

Além disso, o consumidor médio ainda confia no varejista ou mecânico como consultor técnico, limitando a eficácia de abordagens diretas. Muitas empresas optam por modelos híbridos, como lojas oficiais em marketplaces operadas por parceiros certificados, combinando presença digital com menor risco e custo.

Dados da eMarketer confirmam essa tendência: apenas 5% das vendas online no Brasil são via canais diretos, contra 15% nos EUA, onde o ecossistema digital é mais maduro, mas ainda sem romper a cadeia tradicional.

Vendas digitais avançam, mas integração com reparadores ainda é desafio

A estratégia da Shopee no mercado de autopeças reflete uma tendência mais ampla de consolidação do ambiente digital como canal estratégico no aftermarket. Segundo o Mercado Livre, autopeças representam 13% do faturamento da empresa no Brasil, sendo um dos segmentos mais importantes na América Latina.

Fernanda Giacon, Gerente Sênior de Comunicação e Estratégia da ZF América do Sul, destaca que o avanço dos marketplaces é consistente e deve continuar crescendo: “Comparando com mercados mais digitalizados, todos concordam que esse modelo é o que os consumidores querem hoje.”

Porém, um desafio significativo para a digitalização plena é o relacionamento com os reparadores, pois os marketplaces ainda têm dificuldades em atender o canal B2B. A Shopee vende apenas para CPFs, limitando o acesso às oficinas, enquanto o Mercado Livre também atende CNPJs, mas reconhece espaço para crescer nesse público.

O responsável pelo Aftermarket Automotivo do Mercado Livre na Argentina afirma: “Reparadores são minoria, com 2,7% dos compradores da categoria, mas seu ticket médio elevado significa que representam 27% do faturamento do segmento. Estamos investindo para melhorar a experiência de compra em nosso canal B2B.”

Fernanda Giacon observa que a complexidade crescente dos veículos leva os reparadores a buscarem mais agilidade e eficiência na compra de peças, favorecendo os marketplaces. O desafio é adaptar a experiência às necessidades específicas do setor.

Ainda hoje, muitos reparadores utilizam métodos manuais, como solicitar orçamentos via WhatsApp a vários varejistas, um processo ineficiente que tende a ser superado com a popularização e aprimoramento dos marketplaces, segundo Fernanda.

Dados do Mercado Livre indicam reparadores como principais compradores de autopeças

  • O volume médio de itens em vendas B2B é quatro vezes maior;
  • O ticket médio das vendas B2B é cerca de 33% maior que nas negociações B2C.