Pessoas no centro: a força motriz da qualidade automotiva no Fórum IQA 2025

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11º Fórum IQA de Qualidade Automotiva destaca desafios da capacitação e inovação no setor brasileiro

Por Guilherme Carrion

A 11ª edição do Fórum IQA de Qualidade Automotiva reuniu líderes e especialistas da indústria no dia 9 de outubro, na Villa Blue Tree, São Paulo, para debater o futuro da qualidade, inovação tecnológica e competitividade no setor automotivo brasileiro em meio às transformações globais na mobilidade.

Organizado pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), o evento ressaltou a necessidade de integrar tecnologia, capacitação da força de trabalho e sustentabilidade para o avanço do setor.

Panorama global da qualidade automotiva

A palestra de abertura ficou a cargo da professora da ESPM, Natalia Fingermann, com o tema “Automotive Quality and Technological Innovation: Global Convergence and Challenges in Times of Change.” Ela analisou as mudanças geopolíticas que impactam a economia mundial, destacando a redução da cooperação internacional e a intensificação das disputas econômicas e tecnológicas, como o conflito no setor de semicondutores envolvendo China, Taiwan e Estados Unidos.

Sobre o Brasil, Fingermann destacou a liderança chinesa na produção de veículos elétricos e no processamento de lítio, contrastando com a ausência de investimentos brasileiros em refinarias e mão de obra especializada, apesar das amplas reservas de terras raras.

“É uma questão competitiva que demanda tempo e investimento em formação profissional, e aí o IQA exerce papel fundamental,” concluiu.

Experiências do setor e desafios

No painel “Qualidade Automotiva em Foco”, participaram executivos como Fernando Petrolino (ElringKlinger), Flávio Mateus (Schaeffler), Joel dos Anjos (AGCO) e Maiara Castro (Stellantis). As discussões abordaram como a competitividade e a inovação vêm redesenhando as exigências da qualidade.

Joel dos Anjos destacou o foco na eficiência em um setor que suporta o agronegócio, enquanto Maiara Castro enfatizou que a qualidade deve ser parte da cultura organizacional e impulsionada pela inovação.

Na abordagem da falta de mão de obra qualificada, Petrolino compartilhou a experiência da ElringKlinger e do IQA em lançar uma iniciativa de treinamento para pessoas de baixa renda:

“Estamos formando os profissionais necessários para o futuro.”

Flávio Mateus acrescentou que a Schaeffler evoluiu além do automotivo tradicional, tornando-se uma empresa de tecnologia em mobilidade.

Clientes no centro dos investimentos

Ricardo Roa, líder do setor automotivo na KPMG Brasil, falou sobre “Transforming the Customer Experience.” Ressaltou que a indústria passa por uma disrupção inédita, focada em consumidores digitais, exigentes e preocupados com sustentabilidade.

“A personalização é imprescindível; tecnologia deve aprimorar a experiência humana, não substituí-la. A lealdade depende da integridade, rapidez e alinhamento das expectativas.”

Jornada da digitalização

O painel moderado por José Lewton Monteiro Junior contou com Ricardo Martins (Hyundai) e Thiago Sanchez (Grupo Caminho Veículos), que exploraram o papel das concessionárias na era digital. Martins destacou a importância das ferramentas digitais para entender o cliente, enquanto Sanchez observou que as concessionárias passaram do ponto inicial para o final da jornada do comprador, que hoje busca transparência, simplicidade e fluidez.

Aftermarket: atraindo a nova geração

O painel da tarde “Desafios e oportunidades no mercado de reposição automotiva”, moderado por José Arnaldo Laguna (Conarem), contou com Alcides Acerbi Neto (Sicap), Antonio Fiola (Sindirepa/SP), Claudio Sahad (Sindipeças), Heber Carlos de Carvalho (Sincopeças/SP) e Rodrigo Carneiro (Andap).

Os participantes ressaltaram a necessidade de investir na capacitação e atrair jovens talentos para combater a migração de mão de obra e o baixo interesse pelas carreiras técnicas.

“Precisamos mostrar as oficinas como espaços de alta tecnologia, organização e oportunidade,” afirmou Laguna.
Acerbi Neto afirmou que o verdadeiro desafio está em comunicar as qualidades do setor aos jovens.
Sahad alertou que negligenciar a formação de mão de obra pode comprometer a competitividade global.

Papel do Estado na infraestrutura de qualidade

Leonardo Machado Rocha, representando o Inmetro, falou sobre “Regulation and Innovation: Driving Automotive Quality with the National Quality Infrastructure Strategy.” Estressou o papel do Estado no fomento à inovação e qualidade, destacando que normas e fiscalização de mercado guiam o setor rumo à excelência sem inibir a inovação.

Reconhecimento da excelência

O fórum encerrou com a cerimônia do Prêmio IQA de Qualidade Automotiva, que premiou empresas e pessoas de destaque em gestão, inovação e processos produtivos.

Entre os vencedores estiveram o artigo de Vitor Matsubara sobre inteligência artificial no setor automotivo para a revista Automotive Business, projeto de testes off-road da Bosch e a busca da Mercedes-Benz do Brasil por caminhões “zero defeitos.”

Mais que uma celebração, o evento reforçou o compromisso do IQA com a excelência e a competitividade do setor automobilístico brasileiro. Apesar das transformações em curso, o recado foi unânime: a qualidade começa pelas pessoas.