Agro e serviços sustentam crescimento econômico em 2025; indústria desacelera, aponta CNI
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manteve sua projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2,3% para 2025, segundo o Relatório Conjuntural mais recente divulgado pela entidade. O desempenho positivo do ano será sustentado principalmente pela agropecuária, que deve crescer 8,3%, e pelo setor de serviços, com expansão prevista de 2%.
No entanto, as expectativas para a indústria foram novamente revisadas para baixo, com projeção atual de 1,6%, a segunda queda consecutiva. O destaque negativo é o setor de transformação industrial, cuja estimativa de crescimento caiu de 1,9% no início do ano para apenas 0,7%. A indústria extrativa, impulsionada pela alta produção de petróleo, compensa parte dessa desaceleração, com projeção de alta revisada de 2% para 6,2%.
Construção desacelera com juros altos
O estudo da CNI também revisou para baixo o crescimento esperado da construção civil, de 2,2% para 1,9%. De acordo com a entidade, os altos juros continuam impactando o setor, reduzindo as vendas no varejo de materiais de construção, a produção de insumos e o nível de emprego.
Dentro da indústria, o segmento de manufatura tem sido o mais afetado. Em 2024, ele havia crescido 3,8%, mas agora deve encerrar 2025 com uma expansão modesta de 0,7%. Segundo Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da CNI, além da taxa Selic elevada, há outros três fatores que explicam essa queda de ritmo:
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Menor demanda doméstica por produtos industriais; 
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Crescimento das importações, que têm ocupado o espaço da produção nacional; 
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E o impacto das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, principal parceiro comercial do Brasil em produtos manufaturados. 
“Em agosto e setembro, as exportações da indústria de transformação para os EUA caíram 21,4% em relação ao mesmo período do ano passado”, destacou Telles.
Safra recorde impulsiona agro e serviços
A CNI elevou a projeção de crescimento da agropecuária de 7,9% para 8,3%, graças ao desempenho excepcional da safra. O setor de serviços também foi beneficiado por um mercado de trabalho aquecido e pelo aumento dos gastos públicos no segundo semestre, o que sustentará o consumo interno.
Importações recordes devem pressionar balança comercial
A entidade projeta que o Brasil registre recorde histórico de importações em 2025, com US$ 287,1 bilhões, alta de 4,8% em relação a 2024. Já as exportações deverão crescer 2,3%, totalizando US$ 347,5 bilhões. Com isso, o superávit comercial deve recuar 8,2%, fechando o ano em US$ 60,5 bilhões.
Segundo a CNI, a combinação de preços internacionais mais baixos e demanda interna aquecida explica o aumento do volume importado.
Inflação em queda, mas juros seguem elevados
A inflação deverá continuar desacelerando, com previsão de 4,8% no IPCA, levemente acima da meta de 4,5% definida pelo Banco Central. Mesmo assim, não há expectativa de reduções próximas na taxa Selic, atualmente projetada para encerrar o ano em 15%.
Isso representa uma taxa de juros real de 10,3%, bem acima dos 7% de 2024, o que indica uma política monetária ainda restritiva. O resultado será uma menor expansão do crédito, previsto para crescer 5,5%, contra 10,7% no ano anterior.
Os investimentos também devem perder fôlego, com avanço estimado de 3%, bem abaixo dos 7,3% registrados em 2024.
Emprego e renda ainda sustentam o consumo
Apesar da desaceleração prevista, o mercado de trabalho segue forte. A renda real dos trabalhadores deve subir 5,4% até o fim do ano, ajudando a sustentar um crescimento de 2,3% no consumo das famílias.
Gasto público cresce no segundo semestre
Os gastos do governo federal devem aumentar no segundo semestre de 2025, impulsionados pelo pagamento de precatórios e pelo maior espaço orçamentário para despesas discricionárias. Mesmo assim, o avanço total das despesas deve ser de 3,5% no ano, um pouco abaixo dos 3,7% de 2024.
 
			















