A primeira edição da Responsible AI Pulse Survey, pesquisa global conduzida pela EY em mais de 20 países, incluindo o Brasil, revela que soluções de Inteligência Artificial (IA) integradas e escaláveis já fazem parte da realidade de algumas empresas brasileiras. Segundo o levantamento, 28% dos executivos de alto escalão afirmam já ter implementado soluções de IA, enquanto outros 28% estão em processo de integração. Além disso, 45% dizem que a IA está presente na maioria das iniciativas e sendo aprimorada para transformar suas organizações. No entanto, esse cenário de maturidade varia conforme o setor e o perfil da empresa.
Os executivos brasileiros mostram percepção semelhante à de líderes globais. No comparativo internacional, 31% dos C-levels relatam que as soluções de IA estão totalmente integradas e escaláveis em suas operações, 41% afirmam que a IA está presente na maioria das iniciativas e sendo aprimorada, 27% apontam que estão em processo de integração e alinhamento estratégico, e apenas 1% ainda está em fase de testes ou projetos-piloto.
Para Andrei Graça, sócio-líder de Inteligência Artificial e Dados da EY Brasil, a adoção da IA é uma jornada multifacetada e complexa, diferente de outras tecnologias. Segundo ele, é fundamental que as empresas estabeleçam uma base tecnológica avançada e uma estrutura robusta de governança, incluindo novas funções para a gestão de riscos. Definir métricas de controle eficazes, garantir conformidade e eficiência operacional, além de investir continuamente em capacitação dos colaboradores, são pontos-chave para o sucesso.
Outro desafio está em desenvolver estratégias e modelos que maximizem o valor da IA, identificando casos de uso com potencial de impulsionar crescimento estratégico e mensurável. “É crucial garantir a qualidade e a disponibilidade dos dados, junto com uma boa governança, para assegurar a escalabilidade e eficácia da Inteligência Artificial”, reforça Graça.
A pesquisa também destaca preocupações com riscos associados à IA, como privacidade de dados e questões éticas, que podem afetar a reputação e as operações das empresas. “Estar em conformidade com as regulamentações de IA é vital, especialmente para quem atua em mercados globais, onde a complexidade regulatória exige uma abordagem estratégica e adaptativa”, completa o executivo.
No tema governança, 68% dos executivos reconhecem a dificuldade de desenvolver estruturas adequadas para as tecnologias atuais de IA. Além disso, 45% dos C-levels admitem que a abordagem de suas organizações para riscos tecnológicos é insuficiente diante dos novos desafios trazidos pela IA. “A gestão de riscos ganha uma nova dimensão nesse contexto, sendo fundamental para integrar a IA de forma eficiente e segura aos processos de negócio”, avalia Graça.
A relação entre empresas e consumidores também passa por ajustes. Embora 57% dos executivos brasileiros acreditem estar alinhados às percepções dos consumidores sobre IA, outra pesquisa da EY, o AI Sentiment Index Study, mostra que o público está mais preocupado com os impactos sociais da tecnologia. Por exemplo, 67% dos consumidores temem que a IA se torne incontrolável sem supervisão humana clara, enquanto entre os executivos esse índice é de 55%. Quando o tema é a disseminação de informações falsas geradas por IA, 80% dos consumidores se mostram preocupados, contra 55% dos executivos. Além disso, 62% dos consumidores temem impactos negativos da IA sobre pessoas vulneráveis, índice que cai para 35% entre os C-levels.
No que diz respeito aos princípios de IA responsável, os consumidores demonstram preocupação duas vezes maior que os executivos. “Na EY, temos um framework que fortalece a confiança em dados, tecnologia, processos e pessoas, promovendo decisões mais assertivas e operações eficientes, além de garantir transparência e privacidade. Nosso modelo se baseia em nove princípios: Responsabilidade, Proteção de Dados, Confiabilidade, Segurança, Transparência, Equidade, Conformidade, Sustentabilidade e Explicabilidade”, explica Graça.
O estudo destaca ainda o papel dos CEOs nessa jornada. Eles se diferenciam por maior consciência sobre questões de IA responsável e alinhamento com as preocupações dos clientes. “Os CEOs tendem a estar mais alinhados às preocupações dos consumidores, são menos propensos a superestimar a robustez de suas estruturas de governança e estão mais atentos aos riscos das tecnologias emergentes”, aponta o especialista.
Por fim, a pesquisa sugere três movimentos para os executivos aprimorarem o uso da IA: ouvir, agir e comunicar. O primeiro passo é trazer a voz do cliente para o centro das decisões, ampliando a conscientização sobre preocupações, riscos e oportunidades. Em seguida, é preciso integrar a IA responsável em todo o ciclo de desenvolvimento, da concepção à implementação. Por último, comunicar práticas de IA responsável deve ser visto como diferencial competitivo, e não apenas como apresentação de casos de uso.
Sobre o estudo Responsible AI Pulse Survey: realizado entre março e abril de 2025, ouviu 975 executivos C-level de empresas com faturamento anual superior a US$ 1 bilhão em 21 países das Américas, Ásia-Pacífico, Europa, Oriente Médio, Índia e África.
Sobre o estudo EY AI Sentiment Index Study: conduzido entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, entrevistou 15.060 pessoas em 15 países, incluindo o Brasil, para mapear como o público entende, utiliza e enxerga o futuro da IA.
















