Custo de vida das famílias de São Paulo sobe 0,39% em setembro

O fim do desconto na conta de energia elétrica, antes garantido pelo bônus de Itaipu, pesou no bolso das famílias e puxou para cima o custo de vida em setembro. O índice Custo de Vida por Classe Social (CVCS), elaborado pela FecomercioSP com base em dados do IBGE, registrou alta de 0,39% no mês, superando o resultado de agosto.

Segundo a FecomercioSP, o grupo habitação foi o principal responsável pela pressão inflacionária. Se desconsiderarmos esse grupo, a variação seria de -0,03%, praticamente estável. A entidade ressalta que o aumento da energia elétrica foi pontual e não deve se repetir nos próximos meses, o que tende a aliviar as contas das famílias, especialmente em um cenário de preços mais comportados — e até de queda em alimentação e bebidas —, favorecendo o consumo.

No acumulado dos últimos 12 meses, o índice mostra desaceleração, com variação de 5,79%. De janeiro a setembro, a alta soma 3,88%. Para efeito de comparação, no mesmo período do ano passado, o índice estava em 3,07%, e entre outubro de 2023 e setembro de 2024, em 4,18%.

O impacto foi mais forte nas classes de menor renda: a inflação acumulada chegou a 6,56% para a classe E e 6,38% para a D. Nas classes mais altas, as variações foram de 5,38% (classe B) e 5,56% (classe A).

O vilão do mês foi a energia elétrica, que teve aumento de 10,6% após o fim do bônus de Itaipu, impactando fortemente o grupo habitação, que subiu 2,47%. As classes D e E sentiram mais esse aumento, com altas de 2,91% e 2,69%, respectivamente. Na classe A, a alta foi de 1,62%, mas com maior peso proporcional na renda. Entre outubro de 2024 e setembro de 2025, o grupo habitação acumula alta de 7,92%; só em 2025, o avanço é de 8,35%.

Na análise por faixa de renda, o peso da conta de luz é maior para quem tem menos. Em setembro, a alta foi de 0,64% para a classe E e 0,58% para a D, enquanto para a classe B foi de 0,23% e para a classe A, 0,40%.

O grupo despesas pessoais subiu 0,42%, e saúde, 0,19%, mas com diferenças entre varejo e serviços. Enquanto os preços de produtos caíram, os serviços ficaram mais caros. No segmento saúde, os serviços subiram 0,52%, puxados por planos de saúde (0,5%), serviços médicos (0,9%) e hospitalização/cirurgias (0,8%). No varejo, houve leve queda de 0,06%, influenciada por reduções em perfumes (-2,2%) e produtos oftalmológicos (-3,7%). Nos últimos 12 meses, o grupo saúde acumula alta de 4,94% e, no ano, de 4,3%.

O grupo transportes ajudou a segurar o índice, com queda de 0,20%. O destaque foi para os serviços: seguro de veículo caiu 6,6%, passagens aéreas, 2,9%, e transporte interestadual por ônibus, 1,9%. No varejo, o etanol subiu 2,5% e a gasolina, 1,1%.

Alimentos e bebidas também contribuíram para o alívio, com recuo de 0,1% em setembro, acompanhados pelo grupo artigos do lar (-0,43%). A queda foi mais expressiva nas faixas de renda mais altas, devido à redução de 0,31% na alimentação fora de casa, influenciada por baixas de 0,5% nas refeições e no café da manhã. Já a alimentação no domicílio teve leve alta de 0,04%.

Entre os itens que subiram no mês, destaque para o óleo de soja (3,1%), banana-prata (6,8%) e cortes de carne como patinho (2,4%) e alcatra (1,9%). Por outro lado, produtos essenciais como o feijão-carioca tiveram queda de preço (-0,7%).

Para o setor automotivo, o cenário aponta para um consumidor mais cauteloso, especialmente nas classes de menor renda, pressionadas pelo custo da energia. Ao mesmo tempo, a redução de preços em transportes e alimentos pode ajudar a manter o consumo em outros segmentos, incluindo manutenção e aquisição de veículos e peças.