Inflação de outubro é de 0,09%, a menor para o mês desde 1998

A queda na conta de energia elétrica foi o principal fator para a desaceleração da inflação em outubro, levando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a registrar alta de apenas 0,09% no mês — o menor resultado para outubro desde 1998. Em setembro, o índice havia sido de 0,48%. No mesmo mês de 2023, a variação foi de 0,56%.

Com esse desempenho, o IPCA acumulado em 12 meses caiu para 4,68%, abaixo dos 5,17% registrados até setembro. É a primeira vez em oito meses que o índice fica abaixo de 5%. Apesar da melhora, o resultado ainda está acima da meta do governo, que é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (ou seja, até 4,5%).

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Energia elétrica em destaque

A energia elétrica residencial recuou 2,39% em outubro, contribuindo com uma redução de 0,1 ponto percentual no IPCA do mês. O motivo foi a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o patamar 1. Na bandeira 2, o adicional na conta de luz é de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos, enquanto na bandeira 1, vigente em outubro, o valor extra caiu para R$ 4,46.

Esse adicional é definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cobrir os custos de operação de usinas termelétricas, acionadas quando há baixa nos reservatórios das hidrelétricas. Como a energia termelétrica é mais cara, o repasse é inevitável.

Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, sem esse alívio na conta de luz, o IPCA de outubro teria fechado em 0,20%.

Alimentos estáveis

Após quatro meses de queda, o grupo alimentação e bebidas — que tem o maior peso no orçamento das famílias — ficou praticamente estável, com variação de 0,01%. Essa é a menor variação para outubro desde 2017 (-0,05%).

Entre os destaques, o arroz caiu 2,49% e o leite longa vida, 1,88%. Por outro lado, a batata-inglesa subiu 8,56% e o óleo de soja, 4,64%.

Veja o desempenho dos principais grupos pesquisados:

– Alimentação e bebidas: 0,01% (0,00 p.p.) – Habitação: -0,30% (-0,05 p.p.) – Artigos de residência: -0,34% (-0,01 p.p.) – Vestuário: 0,51% (0,02 p.p.) – Transportes: 0,11% (0,02 p.p.) – Saúde e cuidados pessoais: 0,41% (0,06 p.p.) – Despesas pessoais: 0,45% (0,05 p.p.) – Educação: 0,06% (0,00 p.p.) – Comunicação: -0,16% (0,00 p.p.)

Entre os 377 produtos e serviços analisados, as maiores altas foram do aluguel residencial (0,93%) e das passagens aéreas (4,48%), ambos com impacto individual de 0,03 ponto percentual no IPCA.

Selic segue alta para conter inflação

O IPCA acumula 13 meses consecutivos acima do limite de tolerância do governo. Por isso, o Banco Central mantém a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006. Juros altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo e os investimentos, ajudando a conter a inflação.

O IBGE separa o IPCA em dois grandes grupos: serviços, mais sensíveis às oscilações da economia e à Selic, e preços monitorados, como combustíveis e tarifas públicas, geralmente definidos por contratos.

Em outubro, a inflação dos serviços ficou em 0,41% (6,20% em 12 meses). Já os preços monitorados caíram 0,16% no mês, mas acumulam alta de 4,20% em 12 meses.

Segundo o boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira (10), a expectativa do mercado é que a inflação oficial feche 2025 em 4,55%, com a Selic permanecendo em 15% ao ano.

Como funciona o IPCA

O IPCA mede o custo de vida de famílias com renda entre um e 40 salários mínimos, a partir da coleta de preços de 377 itens, entre produtos e serviços. A pesquisa é realizada em dez regiões metropolitanas — Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre —, além de Brasília e das capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.