Produção e vendas de veículos igualam níveis de outubro de 2024 e apontam para crescimento moderado em 2025

O desempenho do setor automotivo brasileiro em outubro traz sinais mistos. Embora o mês tenha registrado o melhor resultado em 12 meses no mercado interno, com 260,7 mil veículos emplacados e alta de 7,2% em relação a setembro, a comparação com outubro do ano passado revela um recuo de 1,6%. Ou seja, o ritmo de crescimento já não acompanha o dos anos anteriores.

Pelo terceiro mês consecutivo, a média diária de vendas ficou abaixo do registrado no mesmo período de 2023. O programa Carro Sustentável, que impulsionou uma alta de 20,5% nos modelos participantes e resultou em 155 mil unidades vendidas desde seu lançamento, ajudou a evitar uma queda ainda maior no varejo de automóveis nacionais, segundo a Anfavea. No acumulado do ano, o setor soma 2,172 milhões de veículos emplacados, crescimento modesto de 2,2% frente ao mesmo intervalo do ano anterior. Esse resultado é puxado pelo avanço de 9,9% nas vendas diretas, enquanto o varejo tradicional recuou 3,3%, reflexo da manutenção dos juros elevados.

No segmento de importados, outubro registrou queda de 1,3% em relação ao mesmo mês de 2023, mas o acumulado do ano ainda é positivo, com alta de 8,9% e 402,1 mil unidades emplacadas. Destaque para os veículos chineses, que cresceram 52,9% no período, enquanto os modelos argentinos tiveram queda de 5,2%.

A produção nacional segue em ritmo um pouco superior ao das vendas. Em outubro, 247,8 mil veículos saíram das linhas de montagem, número semelhante ao de setembro e de outubro do ano passado, apesar da paralisação de uma montadora causada por danos em uma fábrica de motores após uma forte tempestade. No acumulado do ano, a produção soma 2,234 milhões de veículos leves e pesados, alta de 5,2%.

O segmento de caminhões continua pressionando negativamente os números gerais. O volume não produzido nos últimos três meses equivale a um mês inteiro de produção em condições normais. O acesso restrito ao crédito segue como principal obstáculo para o mercado e a produção de caminhões.

No cenário das exportações, outubro fugiu à regra positiva do ano. Foram embarcadas 40,6 mil unidades, queda de 22,7% em relação a setembro. O principal motivo foi a instabilidade comercial com a Colômbia, que suspendeu o acordo de livre comércio e provocou um tombo de 92% nos envios ao país. Segundo Igor Calvet, presidente da Anfavea, após atuação conjunta da entidade, das montadoras e do governo brasileiro, o acordo foi renovado por mais um ano, o que deve normalizar os embarques nos próximos meses para esse que é o terceiro maior destino dos veículos brasileiros. No acumulado do ano, as exportações somam 471,4 mil unidades, avanço expressivo de 43,8% sobre 2023.