Veículos leves são os maiores emissores no transporte, aponta inventário inédito da CNT

Veículos leves lideram emissões no transporte, revela inventário inédito da CNT

Estudo marca avanço no compromisso com o transporte sustentável no Brasil

As emissões de veículos leves representaram 48,25% das 189,8 milhões de toneladas de CO₂ equivalente lançadas pelo setor de transporte brasileiro em 2023, segundo o Inventário CNT de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Setor de Transporte, produzido pela Ambipar. O levantamento detalha o volume total de emissões por modal – rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário – e inaugura uma nova etapa de planejamento para a descarbonização do setor.

A iniciativa, liderada pelo setor privado, é um avanço relevante na agenda climática, oferecendo um diagnóstico inédito que reposiciona o transporte brasileiro nos esforços ambientais nacionais e internacionais. O estudo foi desenvolvido com base em metodologias reconhecidas globalmente, como o GHG Protocol e o IPCC, da ONU, e contou com a participação de 36 entidades do setor, que forneceram dados primários de cada modal.

O resultado é um retrato detalhado e consistente, com alta segmentação entre categorias de veículos e fontes energéticas. O inventário mostra o domínio das emissões do modal rodoviário, responsável por 92,89% do total, reflexo de sua importância na matriz de transporte do país – 65% da movimentação de cargas e mais de 90% do transporte de passageiros. Dentro desse grupo, os veículos leves – automóveis, motocicletas e comerciais leves – são os principais emissores, seguidos por caminhões, ônibus e micro-ônibus.

O estudo também destaca o papel estratégico do transporte coletivo, que se mostra mais eficiente energeticamente e com menor emissão por passageiro, sendo uma das principais soluções para a descarbonização e para cidades mais sustentáveis. Ao incluir também as emissões das infraestruturas portuária e aeroportuária, o inventário amplia o escopo da análise e oferece uma visão integrada do impacto ambiental do setor.

O modal aeroviário aparece em segundo lugar, com 4,89% das emissões totais, considerando apenas voos domésticos. Em seguida vêm o ferroviário, com 1,80% (incluindo ferrovias de carga, trens urbanos e VLTs), e o aquaviário, com 0,41%, sendo este apontado como a alternativa de menor impacto ambiental no setor.

O estudo se diferencia pela robustez e atualização dos dados, além do rigor técnico, o que permitirá sua integração futura aos relatórios oficiais do governo. As emissões foram analisadas por categoria veicular, tipo de operação, região e infraestrutura, permitindo identificar os principais focos de emissão e oportunidades de mitigação.

Segundo a CNT, os dados trazem mais transparência, governança e engajamento, apoiando as empresas na tomada de decisão e contribuindo para a construção e aprimoramento de políticas públicas voltadas à descarbonização do transporte.

Para Vander Costa, presidente do Sistema Transporte (CNT, SEST SENAT e ITL), buscar soluções sustentáveis no setor exige mais do que intenção; é preciso ter dados sólidos. “O inventário oferece uma base segura para planejar os próximos passos rumo à descarbonização, mostrando onde o setor está e permitindo definir aonde quer chegar”, afirma.

Boas práticas em destaque

Além do diagnóstico, o documento traz um capítulo dedicado às boas práticas de mitigação e neutralização já adotadas, com 18 estudos de caso sobre transição energética, eficiência operacional, reflorestamento e inovação. “São práticas implementadas por empresas com certificados internacionalmente reconhecidos, mostrando que o setor não só mede suas emissões, mas já atua para reduzi-las. Essas empresas não estão esperando a regulação chegar. Elas já estão enfrentando os impactos ambientais com responsabilidade e visão de futuro”, destaca Fernanda Rezende, diretora executiva da CNT.