Economia brasileira recuou 0,2% em setembro

A atividade econômica brasileira registrou queda em setembro deste ano, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,2% em relação a agosto, considerando os dados dessazonalizados. No terceiro trimestre, de julho a setembro, a retração chegou a 0,9%.

Na comparação com setembro de 2023, houve avanço de 4,9%, sem ajuste sazonal, já que a análise é entre meses iguais. No acumulado do ano, o indicador apresenta alta de 14,2% e, nos últimos 12 meses, o crescimento é de 13,5%.

O IBC-Br serve como termômetro da atividade econômica do país e é uma das referências utilizadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para definir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano. O índice reúne informações dos principais setores – indústria, comércio, serviços e agropecuária – além do volume de impostos.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para atingir a meta de inflação. Quando o Copom eleva a Selic, o objetivo é conter o excesso de demanda, o que costuma pressionar menos os preços, já que o crédito fica mais caro e a poupança é incentivada. Por outro lado, juros mais altos podem frear o ritmo da economia. Já a redução da Selic tende a baratear o crédito, estimulando produção e consumo, mas também reduzindo o controle sobre a inflação.

A queda na conta de luz contribuiu para que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial – fechasse outubro em 0,09%, o menor índice para o mês desde 1998, de acordo com o IBGE. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses está em 4,68%, ficando abaixo de 5% pela primeira vez em oito meses, mas ainda acima do teto da meta, de 4,5%.

Diante da desaceleração da economia e do recuo da inflação, o Copom manteve a Selic pela terceira vez consecutiva na última reunião, no início deste mês. No entanto, o comitê não descarta a possibilidade de novos aumentos caso considere necessário. A taxa permanece no maior patamar desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano.

Em comunicado, o Banco Central destacou que o cenário internacional segue incerto, especialmente devido à conjuntura econômica e à política dos Estados Unidos, o que impacta as condições financeiras globais. No Brasil, a autoridade monetária ressaltou que a inflação segue acima da meta, mesmo com a economia perdendo fôlego, o que indica manutenção dos juros elevados por mais tempo.

O IBC-Br é divulgado mensalmente e utiliza metodologia diferente da empregada no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), que é o indicador oficial do desempenho econômico brasileiro publicado pelo IBGE. Segundo o Banco Central, o índice “contribui para a elaboração da estratégia de política monetária” do país, mas “não é exatamente uma prévia do PIB”.

O PIB representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país. Impulsionada pelo crescimento dos setores de serviços e indústria, a economia brasileira avançou 0,4% no segundo trimestre deste ano. Em 2023, o PIB fechou com alta de 3,4%, marcando o quarto ano seguido de crescimento e a maior expansão desde 2021, quando o avanço foi de 4,8%.