Mesmo com consumidores endividados, comerciantes preveem a maior Black Friday da história

Mesmo com Endividamento em Alta, Lojistas Apostam na Maior Black Friday da História

A pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indica que a Black Friday deste ano deve registrar o maior volume de vendas desde 2010 no varejo brasileiro. A projeção é de um faturamento em torno de R$ 5,4 bilhões na última sexta-feira de novembro. O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (19).

“Vivemos um momento de cautela na economia nacional, com incertezas no cenário externo e endividamento recorde das famílias, mas, ainda assim, veremos um incremento nas vendas da Black Friday este ano”, afirma José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac. Ele destaca que o desempenho poderia ser melhor se houvesse maior isonomia tributária em relação às compras internacionais.

Segundo Tadros, a queda do dólar, embora ajude no controle da inflação, também amplia o volume de remessas do exterior para o Brasil, pressionando o varejo doméstico. “O varejo brasileiro ainda está em desvantagem tributária frente aos exportadores de bens de consumo para o País”, completa.

A projeção da CNC aponta crescimento de 2,4% nas vendas em relação à Black Friday de 2024. Esse avanço é sustentado, principalmente, por três fatores:

Câmbio mais favorável Nos últimos 12 meses, a taxa média de câmbio em relação ao dólar recuou 8,3%. A cotação atual, abaixo de R$ 5,30, melhora o poder de compra do real. É um cenário bem diferente do observado em novembro de 2024, quando o dólar girava em torno de R$ 5,80.

Mercado de trabalho aquecido O ambiente mais positivo no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos segundo o IBGE, vem sustentando a atividade do varejo na comparação anual. No segundo trimestre deste ano, a massa real de rendimentos cresceu 5,5% frente ao mesmo período do ano passado, ampliando o potencial de consumo.

Endividamento limita expansão Por outro lado, o encarecimento do crédito deve conter uma alta mais robusta das vendas em comparação a 2024. Dados do Banco Central mostram que a taxa média de juros do crédito livre para pessoas físicas, hoje em 58,3% ao ano, está no maior patamar para esta época do ano desde 2017. Selic elevada e inadimplência recorde mantêm o ciclo de endividamento. Levantamento da própria CNC aponta que os percentuais de famílias com contas em atraso (30,5%) e sem condições de pagar seus compromissos (13,2%) estão em níveis históricos.

Setores em destaque Para a Black Friday de 2025, três segmentos devem concentrar mais de dois terços (68%) do faturamento previsto: – hiper e supermercados (R$ 1,32 bilhão), – eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 1,24 bilhão), – móveis e eletrodomésticos (R$ 1,15 bilhão).

Também devem movimentar cifras relevantes os setores de vestuário e acessórios (R$ 0,95 bilhão) e o de farmácias, perfumarias e cosméticos (R$ 0,38 bilhão).

A análise completa da CNC detalha o comportamento esperado do consumidor, os impactos regionais e os desafios concorrenciais entre o varejo físico, o e-commerce nacional e as plataformas internacionais.