OMC informa que comércio global desacelera na segunda metade do ano

OMC alerta: desaceleração do comércio global marca segunda metade do ano

A Organização Mundial do Comércio (OMC) afirmou nesta sexta-feira, 28/11, que o crescimento do comércio global de bens “parece ter desacelerado” na segunda metade de 2025. O movimento ocorre após o forte impulso registrado nos primeiros meses do ano, puxado pelo adiantamento de importações diante da perspectiva de tarifas mais altas e pelo aumento da demanda por produtos ligados à inteligência artificial (IA).

De acordo com a entidade, os dados mais recentes do Barômetro do Comércio de Bens (GTB, na sigla em inglês) — indicador que acompanha em tempo quase real as tendências do comércio mundial — apontam para um avanço mais moderado no fim do ano. O índice recuou de 103,5 em junho para 101,8 em setembro, ainda acima da linha de base de 100 que delimita o nível de tendência.

A OMC ressalta que o barômetro “tipicamente prevê os desdobramentos do comércio dois a três meses à frente”, o que sugere continuidade da expansão do volume de trocas globais no quarto trimestre, porém em ritmo menos intenso.

O barômetro é um indicador antecedente composto: resultados acima de 100 indicam volumes acima da tendência de longo prazo. Entre os seus componentes, apenas o índice de matérias-primas agrícolas ficou abaixo desse patamar, em 98,0, sinalizando contração desde o início do ano. Já os índices de frete aéreo (102,7) e transporte marítimo em contêineres (101,7) recuaram nos últimos três meses, refletindo um “arrefecimento no transporte de bens”. Os segmentos automotivo (103,0) e de componentes eletrônicos (102,0) permaneceram estáveis.

O índice de novas encomendas de exportação, em 102,3, superou a linha de base no segundo trimestre e indica “impulso sustentado nas exportações globais”.

No conjunto, avalia a OMC, os componentes do barômetro apontam para “uma moderação no ritmo de crescimento do comércio mundial”. A organização lembra que o comércio de bens cresceu 4,9% na primeira metade de 2025, acima das projeções iniciais, mas alerta que tarifas mais altas e incertezas na política comercial tendem a pesar sobre o desempenho no restante do ano. A projeção divulgada em 7 de outubro prevê alta de 2,4% em 2025, com possibilidade de resultado melhor caso a demanda por produtos relacionados à IA se mantenha forte.