A importação de autopeças chinesas somou US$ 3,7 bilhões entre janeiro e outubro, alta de 16,4% em relação ao mesmo período de 2024. Com isso, a China respondeu por 18,6% de todas as compras externas do setor no período.
Esse avanço ajuda a explicar o aumento do déficit comercial das autopeças brasileiras, que alcançou US$ 11,8 bilhões até outubro, expansão de 21,7% sobre o saldo negativo de US$ 9,7 bilhões registrado um ano antes.
Enquanto as exportações cresceram apenas 6,7%, passando de US$ 5,8 bilhões para US$ 6,2 bilhões, as importações avançaram 16,1%, de US$ 15,5 bilhões para US$ 18 bilhões.
“Do lado das importações, a China se destaca com 8,6% do total de autopeças importadas, o que reforça sua forte presença no mercado brasileiro e sinaliza a necessidade de atenção redobrada para a indústria nacional”, alerta o Sindipeças em seu relatório mensal da balança comercial, divulgado na sexta-feira, 28.
O movimento tem um componente considerado natural: mais de dez marcas chinesas estão desembarcando no País. Duas delas – GWM e BYD – iniciaram neste ano a montagem local de veículos. A GWM opera em regime “peça a peça”, enquanto a BYD trabalha em esquema SKD, com conjuntos semi-desmontados.
Na prática, grande parte das autopeças vem diretamente da China para abastecer as linhas de produção de Iracemápolis (SP) e Camaçari (BA), respectivamente. As demais marcas concentram esforços no abastecimento de centros de distribuição para garantir o pós-venda.
Trata-se de um período típico de transição, em que o volume importado tende a crescer. A preocupação do Sindipeças, porém, é que essa fase não se prolongue além do necessário e que as montadoras chinesas cumpram os compromissos de nacionalização de componentes assumidos ao entrar no mercado brasileiro.
No ranking de origem das importações, os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com US$ 2,1 bilhões em autopeças vendidas ao Brasil nos dez primeiros meses do ano, alta de 12% sobre 2024. O Japão ocupa a terceira posição, com US$ 1,8 bilhão e crescimento de 25,2%.
Do lado das exportações, a Argentina continua como principal destino das autopeças brasileiras. Os Estados Unidos seguem em segundo lugar no acumulado do ano, mas com retração nos embarques, o que fez o mercado americano ser ultrapassado por Singapura em outubro.















