Expectativas com vendas de fim de ano aumentam confiança do empresário do comércio

Vendas de Fim de Ano Impulsionam a Confiança do Empresário do Comércio no Brasil

A Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) na cidade de São Paulo avançou 6,4% entre outubro e novembro, impulsionada pelas expectativas em torno das vendas de fim de ano, tradicionalmente o período mais forte do varejo. Apesar da melhora no curto prazo, o indicador ainda está 9,3% abaixo do nível registrado em novembro do ano passado, revelando um ambiente mais adverso do que há 12 meses.

Com a alta, o ICEC passou de 95,6 para 101,7 pontos, em uma escala de 0 a 200, em que 100 marca a fronteira entre pessimismo e otimismo. O índice, calculado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), é composto por três subíndices: Condições Econômicas Atuais (ICAEC), Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) e Investimento do Empresário do Comércio (IIEC).

Em novembro, o ICAEC registrou alta de 4,4%, de 68,1 para 71,1 pontos. O IEEC teve o melhor desempenho, com avanço de 10,7%, passando de 117 para 129,5 pontos. Já o IIEC cresceu 2,7%, de 101,8 para 104,6 pontos. Na comparação com novembro de 2023, porém, todos recuam: o ICAEC cai 14,5%, o IEEC recua 10,2% e o IIEC diminui 4,2%.

Fim de ano dá fôlego, mas cenário ainda é de cautela

Mesmo com a alta, o ICAEC permanece em terreno pessimista, pressionado por custos operacionais elevados, crédito caro e margens apertadas. A percepção sobre a economia foi o componente que mais contribuiu para a melhora mensal, com crescimento de 6,8%, de 49,8 para 53,2 pontos. A avaliação das condições atuais do comércio também subiu, 5,1%, de 60,7 para 63,8 pontos.

O indicador que mede as condições atuais das empresas teve alta de 2,6%, chegando a 93 pontos. Ainda assim, em relação a novembro do ano passado, os subíndices ligados às condições da economia, do comércio e das empresas sofrem quedas de 24,6%, 15,8% e 6,2%, respectivamente, o que reforça a percepção de piora estrutural do ambiente de negócios.

Confiança nas vendas cresce mais que na economia

As expectativas para o desempenho das vendas no fim de ano sustentam o IEEC. O componente que mede a visão dos empresários sobre a economia foi o destaque, com crescimento de 15,2%, de 100 para 115,2 pontos — o maior avanço entre todos os quesitos avaliados.

As expectativas em relação ao setor de comércio e às próprias empresas também aumentaram: 10,7% (de 118 para 130,6 pontos) e 7,4% (de 133 para 142,9 pontos), respectivamente. Porém, frente a novembro do ano passado, todos recuam: 14,3% no caso da economia, 10,1% para o setor e 6,6% para as empresas.

Investimento reage, puxado por contratações de curto prazo

No IIEC, a intenção de contratar novos funcionários foi o principal vetor de alta. Essa variável cresceu 6,1%, de 113,6 para 120,5 pontos. Já a intenção de realizar novos investimentos — em instalações, tecnologia ou expansão — recuou levemente, 0,3%, de 95,9 para 95,6 pontos.

Segundo a FecomercioSP, o avanço do IIEC está ligado à retomada de investimentos táticos de curto prazo, como reforço de estoques e ações de marketing orientadas ao consumo de fim de ano, em vez de aportes estruturais de longo prazo.

Margem, preços e fidelização exigem estratégia

Diante de um quadro macroeconômico ainda desafiador, a Federação ressalta que o planejamento das empresas é crucial para preservar margens e aproveitar o movimento de fim de ano. A recomendação é revisar com rigor a margem de contribuição de cada produto e calibrar os descontos para evitar perda de lucratividade.

Outro eixo estratégico é a conquista de novos clientes. Investir em atendimento qualificado, marketing segmentado e geração de conteúdo relevante ajuda a diferenciar o negócio em um ambiente competitivo.

“É essencial planejar estoques com precisão, controlar custos e diversificar canais de vendas. Em um ambiente ainda cercado por dúvidas, o foco deve ser cautela, resiliência e equilíbrio financeiro, priorizando ações que garantam competitividade, sem comprometer a sustentabilidade do negócio”, orienta Thiago Freitas, assessor econômico da FecomercioSP.

Índice de Expansão do Comércio atinge maior nível desde janeiro

O Índice de Expansão do Comércio (IEC), também medido pela FecomercioSP, cresceu 3,2% em novembro, passando de 104,7 para 108,1 pontos, o maior patamar desde o início do ano. Na comparação anual, porém, ainda recua 6,7%.

Os dois subíndices que compõem o IEC — Expectativa para Contratação de Funcionários (ECF) e Nível de Investimentos das Empresas (NIE) — apresentaram altas de 6,1% e 3,2%, respectivamente.

O ECF avançou de 113,6 para 120,5 pontos, refletindo maior disposição em ampliar quadros para atender à demanda de fim de ano. O NIE subiu de 104,7 para 108,1 pontos. Já a variável específica que mede a propensão dos empresários a realizar novos investimentos caiu 0,3%, de 95,9 para 95,6 pontos. Em relação a novembro de 2023, o ECF cai 7,9% e o NIE, 5,2%.

Na avaliação da FecomercioSP, há um descompasso claro entre o maior otimismo com as contratações e a cautela em relação aos investimentos. Enquanto a intenção de contratar sobe de forma consistente, o nível de investimentos permanece próximo de 95 pontos, revelando que o empresariado se organiza para vender mais, mas ainda não enxerga uma recuperação econômica firme o suficiente para destravar projetos de maior porte.

“Mesmo com a alta do indicador em novembro, o empresário segue refém de uma conjuntura repleta de incertezas, como taxa de juros elevada, inadimplência alta, crédito caro e custos operacionais elevados”, conclui Freitas.