CNC: Mercado de trabalho e crédito limitam consumo das famílias em agosto

Consumo das Famílias Registra Alta em Julho

Pesquisa CNC sobre Intenção de Consumo das Famílias

Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou uma menor disposição dos brasileiros para realizar compras em agosto, em comparação com julho. O levantamento mensal Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apontou uma queda de 0,3%, interrompendo três meses consecutivos de alta. Esse resultado foi influenciado pela piora na percepção sobre o mercado de trabalho e o crédito no país.

Em relação ao mês anterior, nenhum dos componentes que compõem a pontuação de 102,9 — já com ajuste sazonal — apresentou variação positiva. Ainda assim, o índice permaneceu na zona de otimismo, marcada pelo nível de 100 pontos. Na comparação anual com agosto de 2024, a maioria dos itens também registrou queda, com destaque negativo para o “momento para duráveis”, que caiu 6,9%, e a “renda atual”, que recuou 3%.

No mesmo período, os indicadores “perspectiva profissional”, “acesso ao crédito” e “nível de consumo atual” apresentaram alta de 3,1%, 1,4% e 1,1%, respectivamente. Apesar disso, apenas 32,6% dos consumidores relataram facilidade para obter crédito, o menor percentual desde abril de 2020.

“O consumo das famílias continua sendo um termômetro essencial da economia brasileira. Quando a confiança oscila, o comércio sente imediatamente os reflexos, o que reforça a importância de políticas que fortaleçam a renda e o emprego. Garantir previsibilidade e estabilidade é decisivo para todo o ciclo econômico”, destaca José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.

Recorte por renda e gênero

A pesquisa também apontou maior cautela entre famílias com renda mais alta. Enquanto aquelas com rendimento de até 10 salários mínimos apresentaram variações mínimas no ICF (-0,2% no mês e -0,1% no ano), os lares com renda superior registraram quedas de 0,7% e 2,4%, respectivamente.

Na análise por gênero, os homens tiveram retração ligeiramente maior que as mulheres (-0,7% contra -0,5%). No entanto, o público masculino lidera o indicador “acesso ao crédito”: alta de 1,8% contra 1,2% entre as mulheres. Já a “perspectiva profissional” cresceu 3,4% entre as mulheres, contra 2,7% entre os homens.

“A combinação de maior cautela entre famílias de renda superior e a melhora relativa na perspectiva de emprego entre as mulheres indica que o consumo segue heterogêneo. O crédito permanece um fator limitador diante do crescimento da inadimplência, mas a expectativa positiva sobre o mercado de trabalho contribui para sustentar algum dinamismo no curto prazo”, avalia o economista da CNC João Marcelo Costa.