CNC vê deflação temporária e prevê alta de preços em breve

CNC aponta queda temporária e antecipa alta nos preços em breve

Análise da CNC sobre o IPCA de Agosto

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) avalia que a deflação de 0,11% no IPCA de agosto representa um alívio temporário para os consumidores, mas não altera o cenário de inflação ainda pressionada pelos serviços. O índice acumulado em 12 meses atingiu 5,13%, acima do limite superior de 4,5% definido pelo Conselho Monetário Nacional.

Segundo a CNC, o contraste entre bens industriais e serviços evidencia a dificuldade no controle dos preços. Enquanto os bens industriais desaceleraram para 3,4% no acumulado em 12 meses, os serviços subiram para 6,16%. Esse movimento está diretamente relacionado ao peso dos salários, que correspondem a dois terços dos custos do setor e refletem o fortalecimento do mercado de trabalho.

A Confederação também destaca fatores específicos que contribuíram para a deflação de agosto. O maior impacto veio da queda de 4,21% na energia elétrica residencial, beneficiada pelo bônus de Itaipu. Na alimentação, produtos como tomate, batata, cebola, arroz e café também recuaram, ajudando a conter o índice.

Por outro lado, os setores de Educação (+0,75%) e Vestuário (+0,72%) foram responsáveis pela alta no mês. No setor de Transportes, houve queda de 0,27%, influenciada pela redução nos preços das passagens aéreas e dos combustíveis. A gasolina caiu 0,94%, acumulando alta de apenas 1,18% em 12 meses.

Na avaliação da CNC, o resultado de agosto reforça a necessidade de cautela. A entidade projeta que a taxa Selic permanecerá em 15% ao ano até o final de 2025, e que a trajetória da inflação dependerá, entre outros fatores, do desfecho das negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos sobre tarifas. Para o acumulado do ano, a expectativa é de alta de 4,8% no IPCA.