Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), reforçou o pedido de adiamento do início da taxação em encontro no MDIC.
Ricardo Alban defendeu a prioridade das negociações com os Estados Unidos antes de qualquer retaliação imediata.
“Antes de retaliar, é fundamental esgotar todas as possibilidades de negociação”, afirmou Ricardo Alban.
Essa posição é consenso no setor e foi definida em reunião virtual com todos os presidentes das federações industriais.
Alban participou de uma reunião entre empresários e autoridades no Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para discutir a estratégia de resposta do país às medidas adotadas pela Casa Branca. Estiveram presentes os ministros Geraldo Alckmin (MDIC), Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
Indústria reforça pedido para adiar início da tarifa
O presidente da CNI também solicitou que o governo negocie com os EUA uma prorrogação de 90 dias para o início da vigência da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
“Estamos diante de uma situação perde-perde, sem ganhos para nenhuma das partes. Perde a indústria, a economia e o setor social. Queremos propor um adiamento de 90 dias para o início da vigência da tarifa”, explicou Alban. “Além disso, queremos discutir acordos setoriais e bilaterais, incluindo questões de bitributação”, complementou.
A estimativa preliminar da indústria indica uma perda de pelo menos 110 mil empregos caso a medida seja implementada conforme anunciada, além de um forte impacto negativo no PIB.
Geraldo Alckmin, designado pelo Palácio do Planalto para liderar as negociações com os Estados Unidos, afirmou que o governo trabalhará para reverter as tarifas, que considerou “completamente inadequadas”.
Alckmin ressaltou que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil há 15 anos e que a tarifa média dos produtos americanos exportados para o país é de apenas 2,7%. “Existe uma importante complementaridade econômica entre os dois países. É fundamental dialogar com os parceiros americanos do setor industrial para evidenciar que essa medida também encarece os produtos deles”, acrescentou.
“É necessário objetividade e pragmatismo”, afirma CNI
Ricardo Alban destacou a importância de objetividade e pragmatismo por parte do governo e do setor privado durante as negociações. “Não podemos perder a razão neste momento. Essa parceria é essencial. O setor industrial enfrenta grandes dificuldades para encontrar alternativas de médio prazo para substituir o mercado dos EUA”, afirmou.
Participaram da reunião uma comitiva de empresários e representantes de associações industriais, incluindo Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP); José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); Janaína Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (Abal); Fernando Pimentel, presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit); Haroldo Ferreira, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados); Rafael Lucchesi, CEO da Tupy; Francisco Gomes, CEO da Embraer, entre outros.