CONAREM destaca avanços e desafios na descarbonização do transporte brasileiro

José Arnaldo Laguna destaca desafios e oportunidades na transição energética da mobilidade no 31º Seminário de Autopeças

Durante sua apresentação no 31º Seminário do Aftermarket Automotivo, realizado em 7 de outubro na FIESP, São Paulo, José Arnaldo Laguna, presidente da CONAREM, chamou atenção para o elevado volume das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, que atingiram 2,296 milhões de toneladas de CO₂ equivalente em 2023. Representante do Instituto MBCBrasil, ressaltou a importância de promover soluções técnicas e integradas, adaptadas à realidade nacional, para garantir melhores resultados ambientais.

Desafios no cenário brasileiro

Laguna abordou questões críticas da transição energética da mobilidade no Brasil, como:

  • Abastecimento, distribuição, custo, logística e armazenamento de combustíveis;

  • Transmissão e integração de geração limpa e renovável;

  • Capacitação profissional para novas tecnologias;

  • Investimentos públicos e privados em infraestrutura;

  • Previsibilidade setorial e segurança jurídica.

Caminho para a descarbonização

Destacou a urgência de adotar soluções compatíveis com o contexto brasileiro, um dos focos do MBCBrasil. Segundo dados do SEEG, o setor de transportes é responsável por 91% das emissões nacionais de GEE. As metas nacionais são a redução de 53% das emissões até 2030 e a neutralidade carbônica até 2050.

Frota e perspectivas

Em 2024, a frota brasileira alcançou 48 milhões de veículos, dos quais 55% (aproximadamente 22,6 milhões) têm mais de 11 anos, contribuindo significativamente para as emissões.

Laguna prevê diversidade tecnológica nas novas matrículas, incluindo:

  • Etanol;

  • Biodiesel;

  • HVO (óleo vegetal hidrotratado);

  • Hidrogênio (H₂);

  • Biometano;

  • Bioeletrificação;

  • BEVs (veículos elétricos a bateria).

Evolução da frota até 2040

A frota estimada atingirá 67,7 milhões:

  • 52,4 milhões de carros de passeio (77,3%)

  • 11,4 milhões de veículos comerciais leves (16,8%)

  • 3,9 milhões de veículos pesados (5,8%)

  • 504 mil ônibus

Veículos de combustão interna ainda representarão 68% da frota, com 20% híbridos combinados, totalizando cerca de 88% (~59 milhões).

Laguna enfatizou:

“Os veículos elétricos ainda não são uma realidade no Brasil.”

Demanda energética projetada

Atualmente, existem cerca de 15 mil pontos de recarga para baterias. Para 2040, serão necessários entre 500 mil e 700 mil pontos, com aumento do consumo de energia de 620 TWh/ano para 1.000 TWh/ano.

A mobilidade a hidrogênio demandará capacidade para 400 mil toneladas/ano, e o uso de biodiesel precisará dobrar, de 9 bilhões para 18 bilhões de litros anuais.

Iniciativas estratégicas

Laguna destacou ações importantes para descarbonizar o setor, como:

  • Estabelecimento do Programa Nacional de Renovação da Frota;

  • Ampliação do uso de etanol em veículos flex fuel.