Confiança do empresário do comércio cresce em julho, mas queda anual revela impacto da política econômica

Confiança do comércio avança em julho, mas queda anual evidencia efeitos da política econômica

Confiança do Empresário do Comércio em Julho

A confiança do empresário paulistano cresceu 1,8% em julho na comparação com junho. Contudo, em relação ao mesmo período do ano anterior, houve uma queda de 3,7%. Esses dados são do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O avanço do indicador é impulsionado pela desaceleração da inflação e pelo aumento das vendas em datas comemorativas, e não por uma melhora no cenário da política econômica — que segue gerando cautela entre os empreendedores devido ao aumento de impostos e à ausência de perspectivas para corte de gastos.

Após cinco quedas consecutivas — entre dezembro e abril — que levaram o índice ao menor patamar em quase quatro anos, o ICEC reagiu e registrou a terceira alta seguida em julho, alcançando 102,8 pontos numa escala de 0 a 200, onde 100 pontos representam a linha divisória entre pessimismo e otimismo.

Confiança do empresário do comércio cresce em julho, mas queda anual revela impacto da política econômica

Percepção do momento atual permanece negativa há mais de dois anos

Dentre os componentes do ICEC, o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) apresentou a maior variação no mês, com alta de 3,8%. Entretanto, na comparação anual, houve queda de 6,3%. Apesar do avanço mensal — de 73,5 pontos em junho para 76,3 pontos em julho —, o índice continua sendo o que apresenta a pior avaliação entre os componentes do ICEC, permanecendo abaixo dos 100 pontos há 29 meses consecutivos.

Segundo a FecomercioSP, a melhora na avaliação da situação atual provavelmente está relacionada às vendas do Dia das Mães e do Dia dos Namorados, além da desaceleração inflacionária. No entanto, a manutenção do índice na zona do pessimismo reflete insatisfação dos empresários, indicando que, apesar do crescimento recente nas vendas, eles ainda enfrentam desafios como baixa rentabilidade, pressão de custos, juros elevados e a política econômica do governo.

Confiança do empresário do comércio cresce em julho, mas queda anual revela impacto da política econômica

Empresários mantêm cautela quanto ao futuro

Sobre as expectativas futuras, os empresários permanecem com pouco otimismo, principalmente devido à política econômica, ao aumento de impostos e à falta de perspectivas para redução de gastos. O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), também parte do ICEC, recuou 0,8% na comparação mensal e 5,8% na anual, atingindo 128,4 pontos em julho, após três altas consecutivas.

Por sua vez, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) subiu 3,7% de junho para julho, e avançou 1,1% na comparação anual, alcançando 103,7 pontos, ainda em nível otimista. No entanto, a FecomercioSP observa que os empresários continuam adotando uma postura cautelosa em relação a novos investimentos, reflexo das incertezas e dos juros elevados.

Como a entidade tem alertado, mesmo com bons resultados nas vendas, o dia a dia das empresas ainda é marcado por dificuldades como margens apertadas, crédito caro, empréstimos contraídos durante a pandemia que ainda precisam ser pagos, além de casos de negócios em recuperação judicial ou falência. Os dados positivos de vendas já mostram sinais de desaceleração, reforçando a necessidade de cautela na gestão de estoques e investimentos, alerta a Federação.

Confiança do empresário do comércio cresce em julho, mas queda anual revela impacto da política econômica

Comércio retoma fôlego, apesar da precaução empresarial

As datas comemorativas também impulsionaram a expansão dos negócios, refletida no Índice de Expansão do Comércio (IEC), que cresceu 5,5% em julho na comparação com o mês anterior. Em relação a julho de 2023, o aumento foi de 2,3%, alcançando 107,7 pontos e mantendo-se na zona de otimismo. Essa alta ocorre após seis quedas consecutivas entre novembro e maio, representando a segunda alta seguida do índice.

O IEC é composto por dois subíndices: o Índice de Expectativa para Contratação de Funcionários (ECF) e o Índice de Nível de Investimento das Empresas (NIE). Em julho, o ECF avançou 3,6%, atingindo 118,4 pontos, enquanto o NIE subiu 7,9%, chegando a 97,1 pontos — ainda na zona de pessimismo. De modo geral, os empresários mantêm uma postura conservadora quanto a investimentos em máquinas, equipamentos, reformas e abertura de novas lojas. Na comparação anual, o IEC cresceu 2,3% e o ECF, 2,4%.

Confiança do empresário do comércio cresce em julho, mas queda anual revela impacto da política econômica