O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) na capital paulista avançou 1,8% em outubro, interrompendo uma sequência de duas quedas. Mesmo assim, o indicador continua na faixa de pessimismo, apesar da proximidade da Black Friday – movimento diferente do observado em anos anteriores, como mostra o Panorama do Comércio do 3º trimestre. Produzido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o ICEC atingiu 95,6 pontos em uma escala de 0 a 200, em que 100 marca a fronteira entre pessimismo e otimismo.
Na comparação com outubro do ano passado, o índice registra queda de 13,4%. De acordo com a FecomercioSP, a alta mensal reflete o otimismo típico que antecede as festas de fim de ano. Por isso, o resultado de outubro precisa ser lido com cautela: uma retomada mais sólida da confiança depende de um ambiente econômico mais favorável, com juros menores, consumo em recuperação e melhora das condições financeiras das empresas.
Condições atuais seguem como o ponto mais fraco
O ICEC é formado por três variáveis. O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) recuou 1,5%, de 69,1 pontos em setembro para 68,1 pontos em outubro – o nível mais baixo desde julho de 2021. É o componente de pior avaliação dentro do ICEC e está abaixo dos 100 pontos há 32 meses consecutivos. Em relação a outubro do ano passado, a queda é de 17,6%.
O resultado traduz a insatisfação dos empresários com a rentabilidade, os custos, os juros elevados e a política econômica. Mesmo com um desempenho razoável das vendas nos últimos meses, o crédito caro, a desaceleração do consumo e a pressão sobre as margens continuam apertando o caixa – sobretudo de negócios que ainda carregam dívidas acumuladas nos últimos anos.
Já o Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC), outro componente do ICEC, reagiu após três meses seguidos de queda, período em que chegou ao menor patamar desde julho de 2020. O indicador subiu 2,9% frente a setembro, alcançando 117 pontos, mas ainda acumula retração de 17,4% na comparação com outubro de 2024.
O Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) avançou 2,9% e chegou a 101,8 pontos, voltando à zona de otimismo.
Fim de ano exige atenção ao planejamento
Para a FecomercioSP, a melhora dos subíndices indica que as empresas começaram a se organizar para vender mais, reforçando equipes e ajustando operações para atender ao aumento típico da demanda de fim de ano. É o período mais aquecido para o varejo, e a entidade defende que este é o momento de planejar e agir de forma estratégica.
Um ponto central é o ajuste fino dos estoques, priorizando itens de maior giro sem comprometer o capital de giro. Também é recomendável antecipar negociações com fornecedores, estruturar campanhas promocionais e adequar o quadro de pessoal, inclusive com contratações temporárias para suportar o volume adicional de vendas.
A orientação é que as empresas adotem planos comerciais bem definidos, explorando ao máximo o potencial do período, mas com foco na preservação das margens de contribuição, de modo a ampliar o faturamento sem sacrificar a lucratividade.
Investimentos seguem contidos às vésperas do melhor período de vendas
Em linha com o ICEC, o Índice de Expansão do Comércio (IEC) na cidade de São Paulo subiu 3,7% em outubro, de 101 para 104,7 pontos, encerrando duas quedas consecutivas. Na comparação anual, porém, o IEC recuou 7,7%.
A principal contribuição para a alta veio da expectativa de contratação de funcionários, que avançou 5,6%, de 107,6 para 113,6 pontos. O movimento já era esperado, dado que o último trimestre concentra as melhores datas para o comércio. Ainda assim, no comparativo com outubro do ano anterior, há queda de 10,5%.
O nível de investimento das empresas cresceu 1,4%, atingindo 95,9 pontos e permanecendo na zona de pessimismo pelo 11º mês seguido. O cenário de juros altos e atividade econômica mais fraca leva os empresários a adotar uma postura mais conservadora em relação a investimentos em máquinas, equipamentos, reformas e abertura de novas unidades. Frente a outubro de 2023, o indicador caiu 4,1%.
Considerando que o quarto trimestre é tradicionalmente o melhor momento para o varejo – impulsionado pela Black Friday, Natal e pela injeção do 13º salário – já se esperava uma alta do IEC, puxada principalmente pelas expectativas de contratação para atender à demanda adicional. No entanto, a avaliação geral é que o empresariado permanece cauteloso tanto em novas admissões quanto em investimentos, em um ambiente de juros elevados, inflação ainda acima da meta, inadimplência em alta e sinais de desaceleração da economia.














