Após quatro meses consecutivos de alta, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) apresentou uma queda de 3,1% em agosto em comparação a julho, com retração em todos os seus componentes. Os indicadores que avaliam o otimismo dos empresários em relação às condições atuais e futuras (expectativas) dos negócios no país tiveram os desempenhos mais negativos, registrando quedas de 3,5% e 3,9% no mês, respectivamente, e de 8,3% e 8,1% no acumulado do ano.
O detalhamento evidencia que a principal preocupação dos empresários em relação ao cenário presente e futuro está na conjuntura econômica, que foi avaliada de forma mais negativa do que o setor e as próprias empresas geridas pelos entrevistados. Em comparação com o mesmo período de 2024, a avaliação econômica caiu 15,3% no mês e 12,9% no ano. Consequentemente, as intenções de investimento também registraram queda, de 1,7% nos últimos 30 dias e 1,3% nos últimos 12 meses.
“A confiança do comércio reflete a situação econômica. Juros elevados e um cenário de incertezas mantêm os empresários cautelosos. É fundamental apresentar reformas estruturais e uma agenda econômica consistente para estimular novos investimentos e a geração de empregos”, afirma José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.
Entre os subindicadores relacionados a investimentos, a maior redução foi observada na intenção de contratação de funcionários, que diminuiu 2,9% no mês e 1,6% no ano, revertendo a melhora registrada em julho. Esse resultado reflete a crescente apreensão com o mercado de trabalho e acompanha a queda da Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de agosto, divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Bens duráveis e otimismo
A análise por segmento revelou que os empresários de bens duráveis — como eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, veículos e materiais de construção — foram os mais afetados pela alta dos juros. Esse grupo apresentou queda de 8,8% na confiança em relação ao ano anterior e de 1,9% em comparação ao mês anterior.
Por outro lado, o recorte mensal apontou menor otimismo no segmento que abrange supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, com queda de 4,6% no mês e 5,4% no ano. Em seguida, aparece o setor de lojas de roupas, calçados, tecidos e acessórios, com retração de 2,2% no mês e 2,8% em relação a 2024.
“A queda mais expressiva entre os bens duráveis reforça a sensibilidade desse segmento aos juros elevados. O recuo observado em supermercados, farmácias e cosméticos indica que até os setores ligados a bens essenciais começam a sentir o enfraquecimento da demanda. Esse cenário sinaliza que a perda de confiança está se disseminando”, avalia o economista da CNC, João Marcelo.
			















