COP30 destaca que a descarbonização da mobilidade deve ser guiada pela diversidade tecnológica

COP30: Por que a Descarbonização da Mobilidade Precisa Ser Guiada pela Diversidade Tecnológica

Entre 10 e 21 de novembro, Belém (PA) recebeu presidentes de cerca de 70 países e centenas de líderes globais para mais uma edição da COP, principal fórum internacional de negociação climática e definição de metas de redução de emissões. Ao longo desses dias, diversos temas estiveram em pauta e, como era esperado, a descarbonização da frota e as soluções sustentáveis para a mobilidade ganharam protagonismo. A COP30 consolidou uma visão que já vinha ganhando força, especialmente no Brasil: descarbonizar o transporte vai muito além de simplesmente eletrificar veículos.

Na capital paraense, governos, empresas, organismos multilaterais e especialistas reforçaram que a transição exige ações coordenadas em várias frentes: transporte público, logística, eficiência energética, biocombustíveis e requalificação dos sistemas urbanos de deslocamento. Essa abordagem integrada se materializou na formação de uma coalizão com 121 adesões, anunciada durante o evento, reunindo prefeituras, entidades setoriais e empresas comprometidas em acelerar a redução das emissões no transporte rodoviário.

CORPORAÇÕES

No ambiente corporativo, um dos anúncios de maior peso veio do WBCSD, que lançou uma iniciativa global para viabilizar bilhões de dólares em investimentos até 2030 voltados à descarbonização da mobilidade. O projeto articula grandes companhias, fundos e instituições financeiras com o objetivo de destravar recursos para eletrificação de frotas, infraestrutura de recarga, transporte público de baixas emissões e soluções logísticas mais limpas.

Apesar desses avanços, a COP também escancarou alguns pontos cegos. A mobilidade ativa — que envolve políticas para ciclovias, calçadas qualificadas e incentivo à caminhada — teve menos destaque do que muitos esperavam, mesmo sendo apontada por especialistas como um conjunto de medidas de baixo custo e alto impacto na redução de emissões urbanas.

Por outro lado, o evento reforçou o papel central das cidades na transição climática. Relatórios apresentados em Belém defendem que políticas locais envolvendo transporte coletivo, adensamento urbano, zoneamento e integração entre modais podem gerar resultados mais rápidos e concretos do que decisões nacionais isoladas. Entre gestores municipais e especialistas, houve consenso: a mobilidade urbana é hoje uma das rotas mais estratégicas para alcançar mitigação em larga escala no setor de transportes.