Crescimento de 2,63% no consumo doméstico no primeiro semestre

Consumo doméstico cresce 2,63% no primeiro semestre

Consumo nos Lares Brasileiros – Relatório Abras

O consumo nos lares brasileiros aumentou 2,83% em junho em comparação ao mesmo período do ano anterior, conforme levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgado na quinta-feira, 24/07. Em relação a maio, o crescimento foi de 1,07%, e no acumulado do primeiro semestre, o avanço chegou a 2,63%.

Para o vice-presidente da Abras, Márcio Milan, esses resultados confirmam a resiliência do consumo, mesmo diante da inflação elevada no setor de alimentos e bebidas, que subiu 3,69% no semestre, superando a inflação geral de 2,99%. “Ao longo do semestre, o consumidor pesquisou preços, trocou marcas, mas não reduziu o consumo em volume”, afirmou durante coletiva realizada nesta quinta.

Com a deflação de alguns alimentos e a melhora no mercado de trabalho, Milan observa que, em junho, as famílias migraram de produtos mais baratos para opções intermediárias e, em alguns casos, de maior valor.

Nas categorias de commodities e mercearia, a participação dos produtos de menor preço diminuiu, enquanto os de preço médio e alto ganharam mais espaço.

Entre os perecíveis, quase 60% do consumo já está concentrado nas faixas de preço médio e alto. “A tendência é que esse comportamento do consumidor observado em junho se mantenha nos próximos meses”, destacou.

Abrasmercado – O mês também registrou a primeira queda em nove meses no Abrasmercado, indicador que acompanha 35 produtos de consumo massivo. O valor médio da cesta passou de R$ 823,37 em maio para R$ 819,81 em junho, uma redução de 0,43%. No semestre, porém, os preços ainda acumulam alta de 3,18%.

Segundo a Abras, o consumo foi sustentado por “recursos extras” na economia, como reajuste do salário mínimo, liberação de valores do FGTS, repasses do Bolsa Família e do Auxílio-Gás, além de restituições do Imposto de Renda e pagamento antecipado do 13º do INSS.

A pesquisa também apontou variações regionais. A região Sudeste liderou a redução no preço da cesta de 35 produtos, com queda de 0,79% em junho.

No recorte da cesta básica de 12 itens, a retração foi de 0,48% no mês, puxada pela diminuição dos preços do arroz, óleo de soja e leite longa vida.

Tarifação

Milan também comentou que a chamada “tarifação” anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode causar desorganização na cadeia de abastecimento no Brasil. Apesar do alerta, ele ressaltou que ainda é cedo para avaliar com precisão os impactos sobre preços e oferta de produtos no mercado interno.

O vice-presidente da Abras explicou que o setor acompanha o tema de perto, especialmente diante da possibilidade de tarifas americanas de importação que podem ultrapassar 50% para determinados produtos.

Na próxima semana, membros do Fórum Nacional da Cadeia de Abastecimento devem se reunir para discutir o assunto e buscar um posicionamento conjunto do setor, que poderá ser apresentado ao governo federal. O fórum, que já se reuniu no início de junho, reúne representantes de diversos segmentos da cadeia produtiva e atua como interlocutor em pautas de impacto nacional.

Além do monitoramento das negociações internacionais, Milan destacou que o setor supermercadista também avalia medidas internas para mitigar riscos e manter o ritmo de consumo das famílias. Uma das propostas em análise é antecipar a desoneração da cesta básica de alimentos, medida que, segundo ele, poderia ajudar a reduzir custos e estimular a demanda interna.

“É um momento de atenção e de olhar para dentro. Temos oportunidades para aumentar o consumo das famílias e manter a economia em movimento, mesmo diante das incertezas externas”, concluiu.