Licenças por Saúde Mental Crescem 66% em 2024; Empresas Intensificam Investimentos em Bem-Estar
Apesar do acréscimo de um ano no prazo para adequação à NR-1 — norma do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que trata dos riscos psicossociais no ambiente laboral —, o número de licenças médicas decorrentes de questões de saúde mental no Brasil alcançou cerca de 500 mil casos em 2024, um aumento de 66% em relação a 2023, aponta o Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho.
Esses dados evidenciam uma realidade que impacta diretamente a produtividade e os custos das empresas, tornando a saúde mental uma prioridade estratégica corporativa crescente.
Conforme o Anuário da Saúde Mental Corporativa 2025, publicado pelo Instituto Philos Org, as empresas brasileiras avançaram significativamente no índice de maturidade em gestão de saúde mental, que saltou de 5,06 em 2024 para 8,19 em 2025 — crescimento superior a 60%.
“Saúde mental não se resume apenas ao bem-estar — trata-se também de performance e sustentabilidade. Cuidar das pessoas é proteger os resultados”, destaca Izabela Holanda, diretora da IH Consultoria e Desenvolvimento Humano.
Perspectiva nacional e global
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que depressão e ansiedade causam uma perda de 12 bilhões de dias produtivos anuais no mundo, gerando um prejuízo econômico próximo de 1 trilhão de dólares.
No Brasil, além das 500 mil licenças, o Ministério da Previdência registrou crescimento recorde nos benefícios concedidos por transtornos mentais e comportamentais, reforçando a necessidade urgente de prevenção e apoio psicológico contínuo nas organizações.
“O impacto é triplo: humano, financeiro e produtivo. Cada ausência representa talento perdido, maior sobrecarga para quem permanece e elevação nos custos em saúde”, analisa Izabela.
Regulação e avanços
O anuário aponta que a atualização da NR-1, que tornou obrigatória a gestão dos riscos psicossociais, foi determinante para essa mudança de cenário. Já a Lei 14.831/2024, que instituiu o Certificado de Empresa Promotora de Saúde Mental, consolidou o compromisso organizacional com o bem-estar emocional dos colaboradores.
Impacto setorial e exemplos de liderança
Entre os setores, os maiores avanços no índice de saúde mental ocorreram em:
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Serviços, Transporte e Logística (+170%) 
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Energia e Recursos Naturais (+132%) 
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Alimentos e Bebidas (+111%) 
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Agronegócio (+111%) 
“Organizações que levam o tema a sério já colhem resultados visíveis: menos licenças, maior engajamento e melhor retenção de talentos”, acrescenta Izabela.
O relatório destaca empresas líderes em iniciativas de saúde mental, como:
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Banco do Brasil: mais de 16 mil grupos de discussão sobre burnout e ansiedade e ampliação do programa de psicoterapia online; 
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Grupo Dasa: 6.400 atendimentos de saúde mental, com prevenção de internação em 82% dos casos; 
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Lojas Renner: 14.800 sessões de telepsicologia gratuitas para funcionários e dependentes; 
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RD Saúde: criação de Comitê Técnico para Saúde Mental e realização do “Dia da Saúde Mental” nacional para líderes; 
Conclusão
“O cuidado emocional tornou-se questão de sobrevivência organizacional. Ignorar a saúde mental é perder talentos, reputação e competitividade. Investir nisso é colher sustentabilidade e inovação”, conclui Izabela Holanda.
 
			















