Desafios da Indústria Automotiva Europeia para as Metas de Emissões de CO2
A indústria automotiva europeia enfrenta um cenário desafiador para alcançar as ambiciosas metas de redução de emissões de CO2 estabelecidas pela União Europeia (UE) para 2030. Essas metas exigem uma diminuição de 55% nas emissões de veículos novos em relação a 2021, além da proibição total de carros com motores a combustão até 2035. Fontes como AutoData, Mobility Portal, Fleet News e Transport & Environment (T&E) indicam que fabricantes alertam para a falta de infraestrutura, altos custos e a concorrência global, fatores que colocam esses objetivos em risco e pressionam por ajustes nas políticas regulatórias.
A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) destaca a escassez de pontos de recarga para veículos elétricos (EVs) como um dos principais obstáculos. Apesar do aumento de 50% nas vendas de EVs até agosto de 2025, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) que refletem tendências globais, a Europa precisará de milhões de novos carregadores até 2030. Isso demanda investimentos significativos e uma coordenação eficaz entre governos e setor privado. A insuficiência da infraestrutura desestimula a adoção de EVs, que atualmente representam apenas 15% do mercado, bem abaixo dos 28% necessários para atingir as metas de 2025, conforme a ACEA.
Os custos da eletrificação também são um desafio. Produzir EVs é mais caro do que fabricar veículos a combustão, pressionando as margens das montadoras e elevando os preços para os consumidores. A dependência de matérias-primas como lítio e cobalto, cujos preços são voláteis, agrava a situação. Além disso, a concorrência de fabricantes chineses, como a BYD, que oferecem EVs mais acessíveis, representa uma ameaça para a indústria europeia. A sobretaxação imposta pela UE sobre esses veículos, embora proteja as montadoras locais, pode encarecer os EVs e atrasar a transição, conforme apontado pela AutoData. Um executivo da BYD chegou a afirmar que, caso a marca atinja seus objetivos na Europa, “alguns fabricantes europeus poderão desaparecer”.
A pressão regulatória é outro desafio importante. As metas para 2025, que exigem emissões médias de 93,6 g/km de CO2 para carros e 153,9 g/km para vans, podem resultar em multas de até €15 bilhões, segundo estimativas. Recentemente, a UE flexibilizou as regras, permitindo que as montadoras cumpram uma média de emissões entre 2025 e 2027, em vez de metas anuais, como noticiado pela Fleet News. Ainda assim, líderes do setor, como Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz, pedem um plano “holístico e pragmático” da Comissão Europeia, presidida por Ursula von der Leyen, que prometeu “maior pragmatismo” sem alterar os objetivos para 2030.
Apesar das dificuldades, algumas montadoras avançam. A BMW, por exemplo, informou ao BMW Blog uma redução de 40% nas emissões por veículo desde 2019, impulsionada por um aumento de 74,4% nas vendas de EVs em 2023. A Volvo, segundo a T&E, já cumpre as metas de 2025, com emissões alinhadas em 2023. Entretanto, marcas como Volkswagen e Ford ainda precisam reduzir cerca de 21% de suas emissões até 2025, o que exige estratégias como aumento nas vendas de EVs, melhorias em motores a combustão e o uso de “pooling” de emissões entre marcas.
Críticas ao “dogma verde” da UE, como as feitas por Bjørn Lomborg no X, sugerem que metas muito ambiciosas podem resultar em um “suicídio econômico”, afetando empregos e competitividade. Por outro lado, a T&E defende que as metas de 2025 são alcançáveis com maior foco em EVs. Enquanto isso, o Brasil oferece exemplos com o programa Mover e tecnologias como o híbrido flex da Stellantis, que combina biocombustíveis e eletrificação, apontando caminhos alternativos para a descarbonização.
A pressão por metas de CO2 continua a moldar o futuro da indústria automotiva europeia, exigindo colaboração entre montadoras, governos e consumidores para equilibrar as ambições climáticas com a viabilidade econômica. O debate, destacado em eventos como o Congresso Megatendências 2025 da AutoData, reforça a necessidade de soluções globais adaptadas às particularidades de cada mercado.
















