por Carla Norcia
Há profissões que sustentam um país sem pedir aplauso. A mecânica é uma delas. Cada oficina, seja numa esquina simples ou num galpão industrial, abriga o mesmo ritual silencioso: mãos que desmontam, reconstroem, calibram, limpam, testam — mãos que devolvem movimento à vida dos outros.
E essas mãos têm gêneros diferentes.
Têm histórias diferentes.
Mas têm a mesma missão: fazer o Brasil continuar andando.
Mecânicos e Mecânicas são guardiões da estrada, arquitetos do movimento.
Juntos, eles formam a espinha dorsal invisível da mobilidade nacional. Quando um carro volta a andar, é porque alguém — homem ou mulher — decidiu enfrentar o problema embaixo do capô, com técnica, precisão e uma dose de teimosia que só os apaixonados pela profissão conhecem.
Eles carregam tradição, experiência e o respeito conquistado no suor das horas.
Elas carregam futuro, coragem e a força de quebrar barreiras que nunca deveriam ter existido.
E a beleza da mecânica hoje é justamente essa: não existe mais “oficina de homens” ou “oficina de mulheres”. Existe oficina. E existe talento.
Mas existe algo ainda maior — e mais urgente.
Orgulho.
O orgulho que muitas vezes falta e que essa categoria inteira precisa resgatar.
Porque mecânico e mecânica não são “quebra-galho”.
Não são “socorro de última hora”.
Não são coadjuvantes da economia.
São parte estratégica da engrenagem que mantém o país funcionando.
O Brasil do asfalto, da entrega, do transporte, do trabalho, depende diariamente desses profissionais que raramente aparecem nas fotos, mas estão sempre presentes no resultado. São eles e elas que mantêm as famílias em movimento, que salvam dias apertados, que evitam prejuízos, que devolvem dignidade a quem precisa trabalhar para viver.
A mecânica não é só sobre carro.
É sobre tempo devolvido.
É sobre oportunidades recuperadas.
É sobre caminhos reabertos.
É sobre fazer a diferença — de forma direta, concreta e diária.
Por isso, o orgulho precisa ocupar o lugar que sempre foi deles.
Orgulho de saber.
Orgulho de resolver.
Orgulho de fazer parte de uma cadeia que sustenta o Brasil real, o Brasil que trabalha, que produz, que anda.
Aos mecânicos e mecânicas, pela trajetória que construiu gerações de conhecimento, pela coragem de ampliar esse legado com inovação e presença.
A todos vocês, que transformam a oficina em território de técnica, humanidade e esperança cotidiana: obrigada por tudo que vocês mantêm de pé — inclusive o Brasil.
Hoje, celebramos a profissão que faz o impossível parecer rotina.
E celebramos cada pessoa que veste o macacão com competência, com responsabilidade —
e que, a partir de hoje, precisa vesti-lo também com orgulho.

















