Direito de Reparar: Um Direito do Cliente e uma Responsabilidade da Oficina

Você sabia que aproximadamente 40 % das peças pintadas em oficinas atualmente são de plástico? Para-choques, suportes, faróis e guias são protagonistas nas reparações automotivas — e é justamente nesse contexto que surge o Right to Repair, ou Direito de Reparar, um movimento global que vem transformando o setor.

A Origem do Movimento

O movimento nasceu nos Estados Unidos no início dos anos 2000, em resposta às montadoras que passaram a restringir o acesso a manuais técnicos e softwares de diagnóstico, obrigando os consumidores a recorrer exclusivamente às concessionárias. Em 2012, Massachusetts foi pioneiro ao aprovar uma lei que exige das montadoras o compartilhamento das mesmas informações de reparo com oficinas independentes. Desde então, o Direito de Reparar se expandiu por Europa, Austrália, África do Sul e, mais recentemente, pela América Latina.

O Movimento no Brasil

No Brasil, o tema ganhou força com o Sinderepa, liderado por Antonio Fiola, que reforça a ideia: após a compra, o consumidor tem o direito de acessar as informações técnicas do veículo, e este conhecimento não pode ser monopolizado pelas montadoras. Esse engajamento político levou à apresentação do Projeto de Lei 2893/24, que visa garantir o acesso de oficinas independentes a manuais, softwares e dados técnicos necessários para um reparo adequado.

Direito de Reparar: Mais que um Direito – Uma Responsabilidade Técnica

O Direito de Reparar não se resume a permitir o conserto: ele impõe um compromisso. O fato de oficinas independentes poderem acessar informações técnicas não garante, por si só, um reparo seguro se as técnicas utilizadas forem improvisadas.

Por exemplo, em veículos modernos com sensores de assistência à condução — como radares frontais ou câmeras que controlam freagem automática — um reparo malfeito em um para-choque (com uso indevido de epóxi, colas ou grampos metálicos) pode alterar a densidade ou geometria do componente, comprometendo a detecção de obstáculos e colocando vidas em risco. Mesmo sensores mais simples, como os de estacionamento, podem ser prejudicados por técnicas incorretas de reparo.

O Papel da Reparação Plástica de Qualidade

Os reparos em componentes plásticos são cruciais para dar consistência ao Direito de Reparar no Brasil. Quando bem executados:

  • Evita-se retrabalho e falhas futuras;

  • Mantém-se o acabamento original e o valor agregado do veículo;

  • Garante-se um reparo seguro, respeitando os padrões técnicos.

Técnicas modernas e homologadas internacionalmente já estão sendo aplicadas no país, elevando o padrão das reparações plásticas e capacitando oficinas a oferecer resultados que preservam resistência, flexibilidade e estética originais.

Em Resumo

  • O Direito de Reparar assegura ao consumidor a liberdade de escolher onde e como reparar seu veículo.

  • Esse direito exige que a oficina assuma a responsabilidade técnica e realize o reparo com qualidade e segurança.

  • O movimento já avança no Brasil por meio de iniciativas como o PL 2893/24 e ações do Sinderepa.

  • A profissionalização dos reparos plásticos mostra que liberdade técnica e qualidade são caminhos complementares, não excludentes.