Do balcão de autopeças para o mundo

Como Transformar Seu Negócio de Autopeças Local em Sucesso Global

Ser um bom balconista de autopeças vai muito além de simplesmente atender pedidos. É preciso entender a fundo a demanda, conhecer margens, compreender as dores do mecânico e ter uma visão ampla de como funciona toda a operação da loja. Esse conjunto de conhecimentos não apenas garante o sucesso na função, mas também serve de base para quem quer voar mais alto no setor.

O mercado está cheio de exemplos de profissionais que começaram no balcão e cresceram. Um dos casos mais emblemáticos é o de Yago Leite, fundador do Peças.com e hoje um dos principais influenciadores do Aftermarket Automotivo no Brasil, com mais de 900 mil seguidores no Instagram.

Natural de Maceió (AL), Yago teve seu primeiro contato com o setor na oficina do tio, mas foi durante cerca de três anos no balcão que encontrou sua verdadeira escola. Em entrevista exclusiva para celebrar o Dia do Balconista de Autopeças – uma data criada pela Novo Meio e pelo Novo Varejo – ele compartilhou detalhes de sua trajetória, refletiu sobre como essa experiência segue influenciando sua atuação e apontou caminhos para a valorização e evolução da função.

Confira os principais trechos da conversa:

Novo Varejo – Como começou sua relação com o mercado automotivo? Era paixão antiga ou oportunidade?

Yago Leite – Não cresci sonhando em trabalhar com autopeças. Entrei por uma oportunidade. Comecei na oficina, convivendo com a rotina do mecânico, aprendendo na prática. A paixão veio depois, quando percebi o impacto real desse mercado e como eu poderia ajudar pessoas de verdade. Hoje, o automotivo não é só um negócio para mim, é um propósito de transformação.

Novo Varejo – Quanto tempo você ficou na oficina do seu tio? O que aprendeu lá foi fundamental para o balcão?

Yago Leite – Fiquei cerca de três anos na oficina. Ali aprendi sobre sintomas, diagnósticos e comportamento de falhas, coisas que a teoria não ensina. Esse período foi determinante no balcão: eu não falava só de catálogo, falava a língua do mecânico. Isso me deu confiança, agilidade e credibilidade desde o início.

Novo Varejo – Se tivesse que escolher, o que é mais importante para o balconista: técnica de vendas ou conhecimento técnico sobre carros? E qual é mais difícil de aprender?

Yago Leite – Para mim, conhecimento técnico pesa mais, porque meu público principal é o mecânico, e ele quer agilidade e assertividade, não simpatia. Atendimento é importante, mas se você não entende de aplicação, ano, motor, o que muda de uma versão para outra, não adianta ser educado: será um vendedor ruim. Conhecimento técnico é mais difícil de aprender, porque vem da vivência, do erro e do chão de loja. Técnica de vendas se lapida, mas conhecimento real de aplicação é experiência.

Novo Varejo – O balconista é visto como um dos maiores promotores das marcas. Por quê?

Yago Leite – Pelo contato direto com consumidor e mecânico. O balconista é o primeiro a lidar com garantia de peça, conhece as marcas boas e ruins na prática e, por isso, ganha autoridade no que fala.

Novo Varejo – Você saiu do balcão para se tornar empreendedor e influenciador. Como a experiência de balconista segue te ajudando hoje?

Yago Leite – O que vivi no balcão me dá autoridade para falar com toda a cadeia do setor automotivo. Conheço de ponta a ponta, desde as piadas até os assuntos mais complexos, e devo isso ao tempo atrás do balcão. Minhas palestras têm boa aceitação porque não sou um empresário de palco, vivi isso no dia a dia.

Novo Varejo – Por ter sido balconista, como isso impacta sua gestão de equipe, especialmente em treinamento e capacitação?

Yago Leite – Já estive atrás do balcão e sei o peso desse profissional numa autopeça. Um bom balconista resolve problemas, gera confiança, aumenta o ticket médio, fideliza o mecânico e faz o caixa girar. Por isso, não trato capacitação como custo, mas como investimento estratégico.

Na minha gestão, isso se traduz em três pontos: – Treinamento constante, porque o mercado muda e os catálogos também. – Capacitação técnica e comercial juntas: não basta ser educado, o mecânico quer agilidade e domínio de peça. Invisto nos dois. – Formação de base: preparo o balconista para ser profissional, não só para atender pedido.

Treinamento, para mim, não é algo eventual. É cultura, rotina e prioridade.

Novo Varejo – O mercado investe o suficiente em capacitação?

Yago Leite – Ainda não. Existem iniciativas, marcas que treinam, eventos técnicos, mas é pouco diante da necessidade real. A maioria dos balconistas aprende na marra, no dia a dia, não por um programa estruturado. Capacitação ainda é tratada como algo pontual, não como estratégia contínua. Enquanto o setor não enxergar treinamento como investimento, a evolução será mais lenta do que poderia.

Novo Varejo – Muitos balconistas acabam abrindo suas próprias lojas. Por quê?

Yago Leite – Porque o balconista vive o negócio de perto. Ele vê demanda, margem, entende a dor do mecânico e aprende na prática como funciona a operação. Com o tempo, percebe que pode vender para si mesmo, não só para a empresa onde trabalha.

Novo Varejo – Deixe uma mensagem para os balconistas, especialmente no Dia do Balconista de Autopeças.

Yago Leite – Vocês têm uma função que jamais será substituída. Catálogo, IA, tecnologia ajudam, mas nada substitui quem vive a aplicação de autopeças na prática.

Um bom balconista sempre terá espaço. Sempre! Em qualquer cidade, do interior às capitais, sempre haverá um mecânico precisando de alguém que entenda o problema, interprete a referência e resolva rápido. Por isso a demanda nunca acaba. Um bom balconista não fica desempregado – pelo contrário, é disputado.