Simone de Azevedo é CEO Estratégica da Mobensani
O setor automotivo global deve movimentar mais de US$ 565 bilhões no mercado de reposição até 2032. A transformação digital está redesenhando a indústria e abrindo espaço para que empresas inovadoras assumam o protagonismo.
A evolução tecnológica no setor automotivo vem impondo novos paradigmas, impulsionando mudanças e reposicionando segmentos como o de autopeças. Com a digitalização, surgem novas demandas de consumo e a ampliação dos canais de aftermarket, criando um cenário em que inovação e eficiência caminham juntas.
Nesse contexto, nichos tradicionais como o de metal-borracha ganham destaque. Longe de apenas acompanhar a revolução digital, empresas com décadas de atuação estão reformulando suas estratégias e mostrando que é possível unir tradição produtiva e inovação para liderar a modernização do setor. Esse movimento é fundamental para o futuro do aftermarket, especialmente diante de desafios estruturais, como a necessidade de padronização informacional em um mercado que, segundo estimativas recentes, reúne mais de 150 milhões de peças únicas.
A digitalização é o eixo central dessa transformação e se torna indispensável para atender clientes cada vez mais exigentes, novos perfis de consumidores e cadeias de suprimentos mais complexas. O setor enfrenta pressão por custos menores, prazos mais curtos e padrões de qualidade mais elevados. É justamente a tecnologia que permite integrar e atender a todas essas demandas.
Segundo o Market Growth Reports, em 2024 já foram investidos mais de US$ 33 bilhões na transformação digital da indústria automotiva, tendência que deve crescer a taxas anuais superiores a 11% até 2033.
Outro estudo, da Deloitte, reforça que a adoção de modelos de negócio digitais não só aumenta a eficiência operacional, mas também cria valor em áreas que vão da governança ao aumento direto da receita.
Esse movimento impulsiona o crescimento do mercado de autopeças, que deve movimentar globalmente mais de US$ 443 bilhões até o fim deste ano, além de setores como o de metal e borracha, que registraram altas de 6,5% e 8,7% respectivamente em 2024 no Brasil, segundo o IBGE.
No entanto, esse crescimento está diretamente ligado à capacidade das empresas de adotar processos tecnológicos que elevem performance, rastreabilidade e previsibilidade na cadeia de suprimentos. Empresas de metal-borracha com foco em inovação assumem, assim, papel de destaque nessa nova fase do mercado.
Esse processo é evidente na trajetória de empresas familiares brasileiras. Com décadas de atuação, muitas vêm se reposicionando ao adotar sistemas digitais de engenharia, investir em novas ferramentas e ampliar sua capacidade de inovação, sem abrir mão da experiência acumulada. Esses exemplos ilustram como players tradicionais estão capitalizando sua escala produtiva e proximidade com o mercado para ganhar agilidade e competitividade.
De acordo com a Deloitte, 43% das empresas familiares já estão desenvolvendo ou implementando estratégias de informatização, indicando um caminho sem volta para a transformação digital, mas ainda com muito espaço para avançar.
O diferencial dessas empresas não está apenas na adoção de ferramentas digitais, mas na forma como constroem pontes entre tradição e inovação. A fabricação de peças em metal-borracha exige conhecimento técnico, precisão e processos robustos. Quando essa experiência se alia à cultura de dados e tecnologias emergentes, o resultado é uma operação mais enxuta, eficiente, previsível e alinhada às demandas globais.
Em resumo, a mensagem para a indústria é clara: reinventar-se sem abrir mão das raízes. Assim, é possível fortalecer diferenciais competitivos e pavimentar o caminho para o futuro.
 
			
















