Filtros assumem papel estratégico com avanço da tecnologia e foco em sustentabilidade
Essenciais para diferentes setores — automotivo, industrial, saneamento, tratamento e reuso de água — os filtros estão se tornando cada vez mais tecnológicos e sustentáveis. A evolução das soluções de filtração acompanha as novas demandas ambientais e os avanços da mobilidade e da engenharia industrial.
Sejam em veículos elétricos, híbridos, a hidrogênio ou a combustão, ou em sistemas hidráulicos e elétricos de máquinas industriais, a filtração continua evoluindo para atender às exigências técnicas e ambientais específicas de cada aplicação. Essa transformação e suas perspectivas foram o tema central do 3º Seminário Brasileiro de Filtros, realizado pela Abrafiltros em 8 de outubro, na sede da entidade em Santo André (SP).
Plataforma de inovação e conhecimento
Promovido pela Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros Automotivos, Industriais e de Água/Efluentes, o evento reuniu profissionais e empresas dos segmentos automotivo, industrial e de saneamento, abordando temas como tendências de mercado, inovação, ESG, logística reversa e certificações.
“Chegamos à terceira edição do seminário trazendo temas relevantes e atuais para o setor de filtração. É uma grande oportunidade para trocar experiências, atualizar conhecimentos e fortalecer parcerias”, destacou João Moura, presidente executivo da Abrafiltros.
Tendências da filtração automotiva e industrial
O primeiro painel abordou tendências tecnológicas e o futuro da filtração automotiva, mediado por Paulo Nascimento, gerente-geral da UFI Filters.
O gerente técnico da Tecfil para a América Latina, Roberto Rualonga Marcos, ressaltou que os filtros continuam indispensáveis, mesmo em novas tecnologias automotivas:
“Os filtros sempre serão essenciais — seja em veículos elétricos, a gás natural ou a hidrogênio. Mesmo esses novos modelos utilizam filtros de cabine, de sistemas de bateria e de motores. Veículos pesados precisam de filtros para motor de partida, e os híbridos ainda exigem filtros de combustível, óleo e ar,” explicou.
Roberto também destacou que a diversificação crescente dos veículos traz novas exigências de qualidade e desempenho, impulsionadas por normas ambientais mais rígidas.
“Na Tecfil, o foco está em desenvolver inovações que atendam às novas demandas, com maior eficiência e durabilidade”, disse.
Comentando sobre o cenário brasileiro, Roberto observou que a demanda por filtros para veículos elétricos ainda é limitada, já que o país mantém forte presença de motores a diesel no transporte de cargas. No entanto, a eletrificação avança entre os ônibus urbanos.
“O aumento do uso de biodiesel diminui a resistência dos filtros — e é aí que entra a nova tecnologia”, completou.
O especialista explicou ainda que o biodiesel traz desafios adicionais, como o crescimento bacteriano nos sistemas de combustível, que pode obstruir filtros e reduzir a eficiência.
“A evolução tecnológica é essencial para aumentar o desempenho e a vida útil dos filtros”, concluiu.
Tecnologia e eficiência energética na indústria
Na sequência, Gabriel Oliveira, gerente de produtos da Hydac, abordou a evolução da filtragem em máquinas industriais:
“As máquinas eram muito mais robustas no passado, mas hoje mudaram completamente. Os filtros precisaram acompanhar essa transformação. Atualmente, eles ajudam até a reduzir o consumo de energia, com integração entre tecnologia e sustentabilidade.”
Ele ainda observou que a eletrificação vem substituindo gradualmente os sistemas hidráulicos em equipamentos leves, embora o mesmo movimento ainda esteja distante no segmento de máquinas pesadas.
Filtragem industrial e automação de processos
O CEO da DBD Laffi Filtration, André Moura, destacou os avanços na fabricação de filtros de processo, utilizados em setores como tintas, alimentos e óleos vegetais.
“Os elementos filtrantes são desenvolvidos sob medida para atender à eficiência exigida por cada aplicação,” explicou.
A empresa oferece diferentes linhas de produtos:
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Filtration: filtros de bolsa, cartucho, cesto, separador centrífugo e autolimpantes; 
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Water: filtros de leito, amaciadores, desmineralizadores e sistemas de osmose reversa; 
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E-Coat: ultrafiltração, membranas UF, célula de diálise e tanque de anólito. 
“A linha Water é a mais complexa, pois requer alto desenvolvimento tecnológico para atender a diversos parâmetros técnicos. O aumento da automação e do monitoramento remoto permite detectar e corrigir falhas com mais rapidez e precisão,” ressaltou André.
Filtros e sustentabilidade hídrica
Encerrando o encontro, Helvécio Sena, diretor técnico da Ecologic – Soluções Ambientais, abordou a importância da filtração na purificação da água e o combate a novos contaminantes, como microplásticos e PFAS (substâncias per e polifluoroalquil).
“Estudos apontam que 90% dos americanos têm PFAS no organismo, substâncias associadas a doenças graves, como o câncer. Os filtros são essenciais para remover esses contaminantes. Ainda não há legislação específica no Brasil, mas a demanda crescente tornará esse um mercado em franca expansão,” destacou.
O especialista também chamou a atenção para o índice de perdas de 37% na distribuição de água no Brasil, em contraste com apenas 5% nas estações de tratamento.
“Com sistemas de filtração mais inteligentes, podemos reduzir significativamente esses desperdícios. A agricultura consome 70% da água do país, e tecnologias como a irrigação por gotejamento — que depende de filtragem — são cruciais para mudar esse cenário,” explicou.
Sena reforçou ainda a necessidade de estimular o reuso de água na indústria:
“O reuso direto de água já é praticado desde 1965 em países como a Namíbia. Precisamos ampliar o uso dessas tecnologias no Brasil, aliando educação, regulação e inovação, para avançar em eficiência e sustentabilidade,” concluiu.
 
			















