Exportações impulsionam produção industrial diante dos desafios do mercado interno

Exportações fortalecem produção industrial frente aos desafios domésticos.

Resumo do Desempenho da Indústria Automotiva – Agosto

Em agosto, a indústria registrou um ótimo resultado, com a exportação de 57,1 mil unidades — o melhor desempenho desde junho de 2018. Esse volume representou um crescimento de 19,3% em relação a julho e de 49,3% comparado ao mesmo mês do ano anterior, impulsionado principalmente pela Argentina, que já responde por 59% dos embarques no ano. De janeiro a agosto, o total acumulado alcançou 313,3 mil unidades, 12,1% acima das exportações no mesmo período de 2024.

“O aumento da produção nos últimos meses reflete a maior presença das nossas associadas no mercado externo”, declarou Igor Calvet, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em agosto, as fábricas brasileiras produziram 247 mil veículos, com variações pequenas em comparação a julho (+3%) e a agosto do ano passado (-4,8%). No acumulado do ano, foram produzidas 1,743 milhão de unidades, uma alta de 6% em relação a 2024.

O mercado interno mantém estabilidade, com aumento nas vendas de importados e canais de vendas diretas, enquanto o varejo de modelos nacionais apresenta queda. Em agosto, foram emplacados 225,4 mil veículos. “A média diária de vendas foi de 10,7 mil unidades, o segundo mês do ano com desempenho inferior ao mesmo período de 2024, o que acende um alerta para o último trimestre, que precisará apresentar crescimento significativo para acompanhar o ritmo acelerado do ano passado”, ressaltou Calvet.

O total de emplacamentos no ano chegou a 1,668 milhão, apenas 2,8% acima do acumulado até agosto de 2024. Destaca-se, porém, o aumento de 12,1% nas vendas de importados. Em agosto, a China tornou-se a principal origem dos veículos importados emplacados, superando a Argentina, que ocupava essa posição desde o início dos anos 1990.

As vendas de modelos nacionais no varejo caíram 9,3% no ano, enquanto as importações cresceram 17,3%. Nas vendas diretas, os veículos nacionais cresceram 12,4%, ligeiramente abaixo dos 13,8% dos importados. O desempenho dos carros nacionais de entrada melhorou nos últimos dois meses devido ao programa Carro Sustentável, que elevou em 26% as vendas dos modelos habilitados. Outro destaque positivo é o crescimento dos emplacamentos de modelos eletrificados nacionais, que representam 25% das vendas totais de híbridos e elétricos no ano.

O segmento de caminhões é o mais afetado pelos juros elevados, alta inadimplência e desaceleração econômica. Em agosto, pela primeira vez, houve queda na produção acumulada em relação a 2024, de 1%, sinalizando uma inversão na curva de crescimento observada nos primeiros sete meses. O mercado interno de caminhões está em retração desde abril. “Nem o aumento das exportações tem sido suficiente para manter a produção, o que já começa a impactar os empregos nas fábricas de veículos pesados”, concluiu o presidente da Anfavea.