A executiva Fernanda Giacon, reconhecida no setor automotivo e de reposição no Brasil, inicia um novo e importante desafio global: montar do zero o escritório da ZF em Barcelona, Espanha, focado no desenvolvimento do marketplace B2B da empresa para o mercado europeu. Essa iniciativa reforça a estratégia de digitalização da ZF e destaca Fernanda como uma das principais líderes femininas do setor.
Com total autonomia, Fernanda será responsável por estruturar a operação, definir metas e liderar a formação de equipes e processos. Sua missão baseia-se no sucesso do projeto brasileiro, pioneiro no grupo e hoje considerado uma “best practice” global. O marketplace da ZF no Brasil — destinado exclusivamente às oficinas mecânicas — é referência no setor e servirá de modelo para a expansão internacional. É importante destacar que sua função está focada no desenvolvimento do negócio digital, sem incluir ações de marketing.
Apesar do novo desafio internacional, Fernanda continuará atuando no Brasil, sem substituição direta neste momento. Com vasta experiência no desenvolvimento de soluções digitais para o Aftermarket Automotivo, ela liderou a criação do ZF [pro]Parts e a consolidação do ecossistema digital da marca.
Antes da mudança, Fernanda Giacon conversou com a imprensa do setor para detalhar essa novidade.
Como foi a jornada que resultou neste novo desafio?
Começamos com o programa de treinamento, depois o suporte aos donos de oficinas, a plataforma de agendamento, o relacionamento com clientes e, por último, o marketplace que conecta distribuidores e varejistas às oficinas mecânicas. É um projeto que cresce e tem obtido muito sucesso no Brasil. Desde o início, já tínhamos o propósito de expandir para outras regiões. O programa de treinamento já está presente em outros países; a plataforma de agendamento foi lançada na Automechanika e já é utilizada em países como Alemanha, França e Portugal. O [pro]Tech, nosso programa para oficinas, é global. O marketplace é um piloto que começou no Brasil e agora levaremos para outras regiões. Essa é exatamente a minha nova função, que assumirei a partir de 1º de setembro em Barcelona: conectar distribuidores e varejistas às oficinas e frotas em outros países também.
Quais as principais diferenças que você identifica entre o aftermarket brasileiro e os mercados europeus?
Esse é o grande desafio, pois cada país apresenta um cenário diferente. A Europa, em geral, é uma região mais madura. Vejo uma maior evolução na cultura deles, especialmente na compra de peças online e na preparação dos distribuidores e varejistas para atuar dessa forma. Essa é a maior diferença. No Brasil, ainda há necessidade de ajustes operacionais, como na recepção dos pedidos online, integração de sistemas com plataformas digitais e preparação logística. O consumidor — que neste caso é a oficina — tem expectativas diferentes ao comprar online, esperando uma experiência similar à de grandes marketplaces como Mercado Livre e Amazon, com entrega rápida. Nos mercados mais maduros, como Europa e Ásia, essa conexão entre distribuidores e varejistas está mais desenvolvida, facilitando a integração a programas como esse. Por outro lado, um mercado mais avançado traz mais concorrência no ambiente digital, ao contrário do que acontece em mercados menos maduros como Brasil, Índia e México.
Temos visto uma adesão crescente das indústrias a plataformas como Shopee e Mercado Livre — este último já com estrutura própria de logística, papel que no nosso mercado pertence ao distribuidor. Como você vê a expansão do papel dos marketplaces na reposição de autopeças?
Na digitalização, é certo que esse segmento vai crescer, pois esse modelo de negócio atende a demanda dos consumidores atuais. Vejo dois caminhos: Mercado Livre e Shopee focam mais no consumidor final, embora mecânicos também comprem por lá. No entanto, as oficinas ainda apresentam receio quanto à procedência e confiabilidade das peças adquiridas. Diferente dos Estados Unidos, nosso mercado é majoritariamente formado por pessoas que levam seus veículos às oficinas, e não vejo tendência de mudança nesse comportamento. Por isso, acredito que o modelo B2B tem maior potencial, já que as oficinas, diante da crescente complexidade da manutenção, buscarão fontes confiáveis para comprar peças. A tendência é que tanto as compras do consumidor final quanto das oficinas via plataformas digitais continuem crescendo.

















