O Brasil finalizou o ano de 2024 com uma frota circulante de 62,1 milhões de autoveículos e motocicletas, representando um crescimento de 2,8% em relação a 2023, conforme dados do Relatório da Frota Circulante do Sindipeças. Após anos de crescimento moderado, esse avanço foi impulsionado pelo aquecimento da economia — com o PIB crescendo 3,4%, aumento no número de empregos e maior oferta de crédito, fortalecida pelo Marco de Garantias (Lei nº 14.711/2023).
Composição e Evolução
Automóveis (39 milhões, 62,8%) e motocicletas (14 milhões, 22,6%) juntos representam 85,4% da frota total. As motocicletas se destacaram com um crescimento de 5,7%, beneficiadas por preços competitivos, condições facilitadas de pagamento e maior demanda por entregas e mobilidade individual. Entre os automóveis, o crescimento foi de 1,6%, enquanto os veículos comerciais leves (6,4 milhões) cresceram 4,7%, impulsionados pela chegada de novos modelos e maior uso na logística. Caminhões (2,2 milhões) e ônibus (395,1 mil) também apresentaram aumentos de 2,8% e 1,6%, respectivamente.

Concentração Regional
Dez estados concentram 82% da frota, com São Paulo (28,4%) e Minas Gerais (14,8%) respondendo juntos por 43,2%. Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul completam o top 5, somando 63,4%. Bahia e Goiás aparecem em seguida. A relação habitantes por veículo caiu para 4,4, indicando maior acesso à motorização, embora ainda esteja distante de mercados maduros, que variam entre 1,2 e 2,0.

Combustíveis e Novas Tecnologias
Veículos flex continuam dominando, representando 77,1% da frota (37,1 milhões), seguidos por diesel (12%) e gasolina (10%). Veículos híbridos e elétricos cresceram 119,2% em 2024, embora ainda componham apenas 0,8% do total (388,2 mil unidades). A participação de veículos importados alcançou 14,7%, o maior índice desde 2018, impulsionada pela busca por tecnologias mais modernas. Por outro lado, a frota movida a etanol encolheu 55%, praticamente desaparecendo (12,4 mil unidades).

Idade Média e Impactos
A frota brasileira continua envelhecendo, com a idade média dos autoveículos em 10 anos e 11 meses. A participação de modelos com até 5 anos caiu de 38,5% em 2015 para 22,3% em 2024, enquanto os veículos com 11 a 15 anos aumentaram de 15,2% para 31,3%. As motocicletas fogem dessa tendência, apresentando idade média de 8 anos, impulsionadas pelo forte crescimento nos emplacamentos (alta de 17,5%). Esse envelhecimento mantém alta a demanda por peças de reposição, mas dificulta a descarbonização, já que veículos mais antigos emitem mais poluentes.
Perspectivas
O setor automotivo vive um momento positivo, com previsão de investimentos de R$ 180 bilhões pelas montadoras e R$ 50 bilhões pela indústria de autopeças até 2030, apoiados pelo Programa Mover, focado na modernização. O crescimento das importações — que representaram 32,5% das vendas em 2024 — reforça o interesse por veículos eletrificados, mas também pressiona por ajustes no Imposto de Importação. A elevada idade da frota e a lenta adoção de tecnologias limpas permanecem como desafios, enquanto os segmentos de comerciais leves e motocicletas abrem novas oportunidades para o mercado.