Novamente a cultura corporativa do Japão está sendo colocada em causa por conta de um novo escândalo, envolvendo uma marca famosa, a Hino, fabricante de caminhões e ônibus da Toyota.
A Hino confessou ter violado as regras de emissão do Japão ao falsificar os resultados desde pelo menos 2003…
Um comitê interno, composto por advogados e um consultor corporativo, investigou os registros de emissões de CO², após a Hino admitir a falsificação de dados relacionados a emissões e desempenho de quatro motores.
O mais estranho nisso tudo foi o resultado da investigação, onde o comitê chegou à conclusão que o escândalo se deu em um ambiente onde os engenheiros não se sentiam capazes de desafiar os superiores, em uma rara crítica à cultura corporativa no Japão.
O comitê descobriu que o ambiente de trabalho na Hino era desafiador para os engenheiros, onde não havia “segurança psicológica”.
Kazuo Sakakibara, ex-promotor-chefe do Ministério Público do Distrito de Osaka e presidente do comitê, disse: “A magnitude de seus sucessos passados os tornou incapazes de mudar ou olhar para si mesmos objetivamente, e eles desconheciam as mudanças no ambiente externo e nos valores”.
Ou seja, a direção da Hino ignorou simplesmente as regras de aferição de consumo e emissão para continuar em vantagem no mercado, como se ninguém fosse descobrir a manipulação de resultados.
Sakakibara comentou: “A organização tornou-se mal organizada, onde as pessoas são incapazes de dizer o que não podem fazer.”
Satoshi Ogiso, presidente da Hino, pediu desculpas publicamente, mas Akio Toyoda, CEO da Toyota, disse que a má conduta da marca de caminhões traiu a confiança de todas as partes interessadas.
No Japão, 47.000 caminhões (de 2017 a 2022) foram recolhidos em um recall de emissão, com mais 20.900 unidades a serem chamadas.
Anteriormente, acreditava-se que a falsificação de resultados se deu a partir de 2016, mas agora sabe-se que a coisa é bem mais antiga.
A Toyota tem 50,1% das ações da Hino que, no entanto, caíram 10% ontem. Mazda, Suzuki e Yamaha já foram acusadas da mesma prática, com investigações ocorrendo em Nissan e Subaru também.
[Fonte: Auto News]