Inflação de julho registra alta de 0,26%

Mercado reduz previsão de aumento da inflação

Inflação de Julho

A alta na conta de luz pressionou a inflação oficial em julho, fazendo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar em 0,26%, superior ao registrado em junho (0,24%).
Inflação de julho registra alta de 0,26%
Inflação de julho registra alta de 0,26%

Por outro lado, o preço dos alimentos caiu pelo segundo mês consecutivo, ajudando a conter o índice. Em julho do ano anterior, a taxa foi de 0,38%.

Conforme dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula 5,23% em 12 meses, acima do centro da meta de 3%, que permite uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, até 4,5%.

A taxa está acima do teto desde setembro de 2024 (4,42%). Em abril, atingiu 5,53%, o maior patamar desde então. No entanto, o índice de julho representa uma queda em relação aos 5,35% registrados no período encerrado em junho.

A energia elétrica residencial subiu 3,04% no mês, sendo o maior impacto individual no IPCA: 0,12 ponto percentual (p.p.). Esse subitem fez com que o grupo habitação aumentasse 0,91%, com impacto de 0,14 p.p.

Bandeira vermelha

A principal razão para a alta é a bandeira tarifária vermelha patamar 1, determinada pelo governo para financiar usinas termelétricas durante períodos de baixos níveis nos reservatórios das hidrelétricas.

A cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos começou em junho e foi mantida em julho.

Além disso, a conta de luz foi pressionada por reajustes nas tarifas em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Como o IPCA é um índice nacional, esses aumentos regionais impactam o indicador.

Segundo cálculos do gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, sem o efeito da conta de luz, o IPCA teria fechado o mês em 0,15%.

De janeiro a julho, a energia elétrica residencial acumulou alta de 10,18%, muito acima do IPCA acumulado no período (3,26%).

“É a maior variação para o período janeiro a julho desde 2018, quando o acumulado foi de 13,78%”, destaca Gonçalves.

Alimentos mais baratos

O grupo alimentos e bebidas registrou queda de 0,27% em julho, aliviando o IPCA em 0,06 ponto percentual. Essa foi a maior redução desde agosto de 2024 (-0,44%). Desde então, o grupo havia acumulado nove meses consecutivos de alta, antes de recuar em junho e julho.

A queda em julho foi puxada pela alimentação no domicílio (-0,69%), com destaque para batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%). Em junho, os alimentos já haviam recuado 0,18%.

De acordo com Gonçalves, se os alimentos não tivessem ficado mais baratos na média, o IPCA de julho teria sido 0,41%, e não 0,26%.

Outros grupos

Dos nove grupos de preços avaliados pelo IBGE, três apresentaram deflação (queda de preços) em julho. Além de alimentos e bebidas, recuaram também vestuário (-0,54%) e comunicação (-0,09%).

Além da habitação, os grupos que tiveram alta foram:

  • artigos de residência: 0,09%;
  • transportes: 0,35%;
  • saúde e cuidados pessoais: 0,45%;
  • despesas pessoais: 0,76%; e
  • educação: 0,02%.

No grupo transportes, a alta foi impulsionada pelo preço das passagens aéreas, que subiram 19,92%, devido à maior procura no período de férias escolares. Assim, a passagem aérea foi o segundo subitem que mais pressionou a inflação, perdendo apenas para a conta de luz.

Por outro lado, o grupo transportes teve alívio nos combustíveis, que caíram 0,64%, marcando o quarto mês consecutivo de queda. A gasolina, item com maior peso na cesta de consumo das famílias, recuou 0,51% em julho.

No grupo despesas pessoais, a pressão inflacionária veio dos jogos de azar, devido ao reajuste das loterias, que subiram 11,17%. Esse foi o terceiro maior impacto individual do mês.

Sem tarifação

O gerente do IPCA ressaltou que o resultado de julho não reflete os efeitos do tarifação imposta pelo governo dos EUA sobre grande parte dos produtos brasileiros exportados para aquele país.

“Seria prematuro”, afirmou Gonçalves, lembrando que a alíquota de 50% começou a valer apenas em agosto, na última quarta-feira (6).

Ele explicou que, teoricamente, um primeiro efeito da guerra comercial pode ser o barateamento dos produtos no mercado interno, devido ao aumento da oferta no Brasil.

“É necessário aguardar para ver como o mercado vai reagir, se conseguirá escoar para outros mercados externos. Se os produtos permanecerem no mercado interno, a tendência – especialmente para itens perecíveis – é de queda nos preços.”

Famílias

O IPCA mede o custo de vida para famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos.

A coleta de preços é feita em dez regiões metropolitanas – Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre – além de Brasília e das capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.