CNI mantém projeção de crescimento do PIB em 2,3% para 2025, mas reduz expectativa para a indústria
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manteve sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2,3% para 2025, segundo o Relatório Econômico do 3º Trimestre, divulgado nesta sexta-feira (17).
A estimativa é sustentada por um aumento previsto de 8,3% na agropecuária e 2% no setor de serviços. No entanto, pela segunda vez consecutiva, as projeções para a indústria foram revisadas para baixo, com expectativa de crescimento de 1,6%. O principal fator de desaceleração é o setor de transformação, cuja previsão caiu de 1,9% no início do ano para apenas 0,7%.
Em contrapartida, o desempenho da indústria extrativa deve compensar parte dessa queda, com estimativa de crescimento elevada de 2% para 6,2% neste trimestre.
Indústria de transformação e construção enfrentam dificuldades
As projeções para a construção civil também recuaram, de 2,2% para 1,9%, reflexo dos altos juros, que impactaram negativamente as vendas no varejo de materiais, a produção de insumos e o nível de emprego no setor.
A indústria de transformação é o segmento que mais perdeu ritmo em comparação a 2024, quando cresceu 3,8%. No início de 2025, a previsão de expansão era de 1,9%, reduzida para 1,5% no segundo trimestre e agora para 0,7% no fechamento do ano.
Juros e importações limitam o setor
Além da Selic, considerada o principal obstáculo à indústria, a CNI aponta outros três fatores que têm agravado a desaceleração, segundo o diretor de Economia da entidade, Mário Sérgio Telles.
“Houve uma redução na demanda por bens industriais na economia brasileira. Além disso, as importações aumentaram significativamente, o que tem limitado o crescimento da produção doméstica”, afirmou Telles.
Outro fator recente é a introdução de tarifas adicionais pelos Estados Unidos, principal parceiro comercial do Brasil em produtos manufaturados. “Em agosto e setembro, as exportações da indústria de transformação para os EUA caíram 21,4% em comparação com os mesmos meses do ano passado”, completou o economista.
A CNI reforça que a normalização das taxas de juros e o aquecimento da demanda interna serão fundamentais para recuperar o dinamismo industrial e consolidar o crescimento sustentável da economia brasileira em 2025.