Mais da metade dos investidores na América Latina (56%) apontam o risco de recessão econômica como sua principal preocupação em relação ao patrimônio, segundo a edição 2025 do Global Wealth Research Report, elaborado pela EY. A inflação aparece em segundo lugar, com 52% das respostas, seguida por riscos geopolíticos, como instabilidade política e guerras comerciais, com 43%. A volatilidade do mercado (39%) e mudanças regulatórias e políticas, incluindo aspectos tributários (38%), completam a lista.
No Brasil, a reforma tributária promove alterações no ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação), impactando diretamente heranças e doações. A principal mudança está na progressividade das alíquotas – que antes eram fixas entre 2% e 8%, variando conforme o estado, independentemente do valor do patrimônio. Agora, conforme o texto aprovado, o aumento das alíquotas será proporcional ao valor dos bens transmitidos, implicando que patrimônios maiores estarão sujeitos a impostos mais elevados. Nesse cenário, o planejamento sucessório antecipado ganha destaque, podendo reduzir a carga tributária para os contribuintes.
Foram entrevistados 153 investidores latino-americanos (sendo 60 brasileiros), parte de uma amostra global de 3.587 respondentes. Os investidores foram classificados em quatro segmentos de patrimônio, que vão de US$ 250 mil a mais de US$ 30 milhões, abrangendo três gerações: millennials (geração Y), geração X e baby boomers.
“Diante desse cenário incerto, conforme o estudo revela, os clientes buscam cada vez mais, além do planejamento sucessório antecipado, serviços como planejamento tributário e previdenciário, o que abre oportunidades para empresas de gestão patrimonial”, afirma Emerson Morelli, sócio de auditoria e líder da EY para o setor de Wealth and Asset Management. “Também há uma demanda crescente por interação com gestores de patrimônio, buscando orientação para esclarecer o ambiente de investimentos, o que gera novas oportunidades para profissionais que oferecerem soluções alinhadas aos desafios do mercado”, complementa.
A agilidade no atendimento e suporte é fundamental para conquistar clientes. Na amostra global, 32% dos investidores planejam ampliar o número de gestores de patrimônio com quem mantêm contato nos próximos três anos, e 45% pretendem direcionar entre um terço e metade de seus ativos nesse processo.
Outras preocupações apontadas pelos investidores latino-americanos incluem taxas de juros (37%), compreensão dos produtos de investimento disponíveis (23%), desafios na gestão familiar do patrimônio (19%) e acessibilidade habitacional, especialmente o custo do financiamento (14%). No Brasil, o ciclo de alta da Selic, taxa básica de juros, pode ter chegado ao fim, considerando as recentes indicações do Banco Central e os dados de inflação divulgados nas últimas semanas. Ainda assim, a taxa elevada de 15% tem impactado a renda variável, gerando apreensão entre investidores que mantêm posições nesse tipo de ativo, embora esse cenário esteja se transformando, principalmente pela entrada de investidores estrangeiros.
Complexidade crescente na gestão de herança e aposentadoria
Quando questionados sobre a complexidade na gestão do patrimônio em comparação a anos anteriores, o planejamento financeiro para herança e transferência de bens apresentou o maior aumento, com 51% dos entrevistados relatando maior dificuldade – possivelmente influenciados, no caso brasileiro, pelas mudanças da reforma tributária. Em seguida, o planejamento financeiro para aposentadoria registrou crescimento, com 48% preocupados, um aumento de quatro pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.
Por fim, 27% dos participantes afirmaram estar apenas um pouco preparados para alcançar suas metas financeiras, enquanto 5% disseram não estar preparados. Apesar desses números, a maioria (61%) se considera bem preparada.
