As empresas têm investido cada vez mais na capacitação de seus colaboradores para o uso da inteligência artificial (IA). O rápido avanço dessas ferramentas gera um senso de urgência para sua adoção, mas o uso eficaz no cotidiano requer que os profissionais saibam não apenas aproveitar o máximo da IA para aumentar a produtividade e a qualidade do trabalho, mas também façam isso de maneira segura e ética. É nesse cenário que o letramento em IA — a alfabetização nessa tecnologia — oferece a base para uma implementação bem-sucedida, explicando como a IA funciona, seu impacto nas organizações e como utilizá-la de forma ética, segura e produtiva no ambiente corporativo.
“Temos observado uma evolução da maturidade do mercado em relação ao uso da IA. Nosso entendimento é que o verdadeiro valor da inteligência artificial está na jornada de transformação em IA, e não na implementação de casos isolados. Essa jornada começa justamente com o letramento, que está se tornando um imperativo para todas as empresas”, destaca David Dias, sócio-líder de IA da EY na América Latina, que recentemente conduziu uma sessão de letramento da EY com a área financeira de controle de gestão da Vivo (Telefônica Brasil). “As habilidades em IA não são exclusivas para engenheiros, mas para todos. O objetivo é capacitar os profissionais a entender e questionar a IA, evitando dois grandes riscos: a confiança cega e a rejeição cega”, complementa o executivo.
Sobre a adoção da tecnologia pelas empresas, David observa que 2023 foi um ano de experimentações e testes, com organizações explorando o potencial da IA generativa e identificando casos iniciais de uso. “Em 2024, já vemos projetos mais robustos, com foco no desenho e implantação de jornadas estruturadas de IA. O uso da IA e os investimentos nessa tecnologia se intensificaram, e já identificamos os primeiros projetos escalando IA por toda a organização, com ênfase em governança, letramento e, principalmente, responsabilidade por meio de um programa de responsible AI”, comenta.
A sessão de letramento em IA, adaptada às necessidades específicas de cada empresa, demonstra aplicações práticas da tecnologia. Com o crescimento dos agentes de IA — que atuam de forma ativa e autônoma, automatizando processos físicos e digitais — as possibilidades ampliaram-se ainda mais. “Enquanto os assistentes de IA são reativos, dependendo do comando do usuário para executar tarefas, os agentes de IA são proativos, capazes de identificar problemas ou oportunidades, planejar soluções e executar ações complexas para resolvê-los”, explica David. Isso significa que os agentes atuam com pouca ou nenhuma intervenção humana. “Esse cenário reforça a importância de as empresas avançarem na jornada completa de transformação em IA, com atenção especial à governança de riscos e compliance regulatório.”
Uso da IA na área de planejamento e controle financeiros
Ricardo Pereira, diretor de controle de gestão da Vivo (Telefônica Brasil), que participou da sessão de letramento em IA, ressalta que o primeiro passo, antes de desenvolver casos de uso, é elevar o nível de maturidade e conhecimento para compreender os potenciais disruptivos da IA em sua área. “Por isso, é fundamental iniciar pelo letramento, que também aborda preocupações relacionadas à governança e aos princípios da aplicação responsável da IA”, afirma.
Segundo Ricardo, na área de planejamento e controle financeiros, a IA tem grande potencial para o suporte ao reporte, auxiliando na elaboração de relatórios financeiros a partir de bases de dados não estruturadas; na realização de projeções financeiras (forecasts); e na colaboração com a conciliação, garantindo a integridade dos processos financeiros da empresa.
“O projeto com a EY está dividido em três fases: letramento; análise dos processos atuais e avaliação do nível de prontidão para aplicação de soluções de IA; e, por fim, sessões de ideação para desenvolvimento de possíveis MVPs (produtos mínimos viáveis) ou provas de conceito para solucionar desafios de negócio e ampliar nosso potencial de entrega e resultados”, conclui Ricardo.
















