A edição de julho de 2025 do Panorama do Comércio (clique e acesse), publicado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), já está disponível. O primeiro semestre de 2025 se encaminha para o fim com sinais claros de desaceleração econômica e um cenário de incertezas que exigirá cautela por parte do setor varejista. Conforme os dados setoriais analisados no relatório, as vendas no comércio continuam crescendo, porém com ritmo menor do que o observado no final de 2024 — reflexo esperado do ciclo de alta da taxa básica de juros.
Apesar da moderação no consumo, o mercado de trabalho mantém certa robustez. Dados do CAGED indicam que mais de 1 milhão de empregos formais foram gerados entre janeiro e maio de 2025. Embora o número seja ligeiramente inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior, o volume de contratações reforça a base para o consumo das famílias.
Contudo, a combinação de inflação persistente e endividamento crescente requer atenção. O IPCA permanece acima do teto da meta, impulsionado principalmente pela alta nos preços de alimentos e bebidas. Em resposta, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 15% ao ano e indicou que o ciclo de alta foi interrompido, ao menos por enquanto, sinalizando estabilidade nas próximas reuniões.
Do lado das famílias, o aumento da renda real tem estimulado o consumo, mas com limites. O número de brasileiros com contas em atraso chegou a 71,3 milhões, segundo estimativas da CNDL e do SPC Brasil. O crescimento da inadimplência acende um alerta sobre a sustentabilidade do consumo baseado em crédito, especialmente em um cenário de juros elevados.
Impasses fiscais e tarifas internacionais desafiam o segundo semestre
O Panorama do Comércio destaca que, com a chegada do segundo semestre, a atenção do setor produtivo volta-se para dois pontos críticos: o ambiente tributário interno e as disputas comerciais no cenário internacional.
Internamente, os debates sobre aumentos de impostos evidenciam os desafios de um ajuste fiscal que tem se apoiado fortemente na elevação da carga tributária. A indefinição quanto à condução das reformas fiscais aumenta a imprevisibilidade para empresários e investidores.
No âmbito externo, a imposição de novas tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos impacta diretamente setores estratégicos da exportação nacional. Essa medida repercute no câmbio e na inflação, afetando o custo de produção e o preço final ao consumidor. Apesar das tensões no comércio global, ainda há espaço para negociações e acordos que minimizem os danos.
Expectativas para o varejo
Para o setor varejista, o segundo semestre de 2025 será marcado por ajustes e revisões estratégicas. A alta dos juros deve restringir a expansão do consumo, enquanto a inadimplência exige cuidado redobrado na concessão de crédito e na gestão financeira dos clientes.
Além disso, o comportamento do consumidor continuará influenciado pela combinação entre renda, inflação e confiança. A capacidade das empresas de responder com flexibilidade a esse ambiente volátil será crucial para o desempenho do comércio nos próximos meses.