Produção e vendas mantêm níveis de outubro de 2024 e apontam para crescimento moderado em 2025

Produção e vendas estáveis em outubro de 2024 indicam crescimento moderado para 2025

O desempenho do setor automotivo brasileiro em outubro traz sinais mistos. Embora o mês tenha registrado um crescimento de 7,2% nos emplacamentos em relação a setembro, com 260,7 mil autoveículos vendidos — o melhor resultado em 12 meses —, a comparação com outubro do ano passado mostra uma retração de 1,6%. Esse cenário reforça o desafio de manter o ritmo de crescimento visto em anos anteriores.

Pelo terceiro mês consecutivo, a média diária de vendas ficou abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior. O programa Carro Sustentável ajudou a conter uma queda ainda maior no varejo de automóveis nacionais: desde seu início, 155 mil unidades foram vendidas, impulsionando em 20,5% o desempenho dos modelos habilitados. Segundo a Anfavea, no acumulado do ano, o setor soma 2,172 milhões de veículos emplacados, alta modesta de 2,2% frente ao mesmo período de 2024. Esse avanço foi puxado por um crescimento de 9,9% nas vendas diretas, enquanto o varejo recuou 3,3%, pressionado pela persistência dos juros elevados.

As vendas de veículos importados também sentiram o impacto, caindo 1,3% em outubro na comparação anual, embora o acumulado do ano ainda mostre alta de 8,9%, com 402,1 mil unidades. Destaque para os modelos chineses, que cresceram 52,9%, enquanto os argentinos recuaram 5,2% nos primeiros dez meses de 2025.

A produção nacional segue em ritmo um pouco melhor que o das vendas, apesar de ter sido afetada por uma paralisação causada por danos em uma fábrica de motores após uma forte tempestade. Em outubro, saíram das linhas de montagem 247,8 mil veículos, número semelhante ao de setembro e ao do mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, a produção soma 2,234 milhões de veículos leves e pesados, alta de 5,2%.

No segmento de caminhões, o cenário é mais delicado. O volume não produzido nos últimos três meses equivale a um mês inteiro de produção em condições normais, reflexo das dificuldades no acesso ao crédito, que continuam prejudicando o mercado e o ritmo das fábricas.

No mercado total de autoveículos, nem mesmo as exportações mantiveram o bom desempenho de meses anteriores. Em outubro, foram embarcadas 40,6 mil unidades, queda de 22,7% em relação a setembro. O principal motivo foi a instabilidade nas relações comerciais com a Colômbia, que suspendeu temporariamente o acordo de livre comércio, resultando em uma queda de 92% nos envios ao país.

Segundo Igor Calvet, presidente da Anfavea, a situação foi revertida após negociações intensas da entidade, das montadoras e do governo brasileiro, com a renovação do acordo por mais um ano. Isso deve permitir a retomada dos embarques nos próximos meses para aquele que é o terceiro maior destino das exportações brasileiras. No acumulado do ano, as exportações somam 471,4 mil unidades, crescimento expressivo de 43,8% em relação ao ano passado.