O programa Descarte Consciente Abrafiltros, voltado à logística reversa de filtros usados de óleo lubrificante automotivo, tornou-se um caso sólido de sucesso em gestão de resíduos no setor automotivo brasileiro. Desenvolvida pela ABRAFILTROS – Associação Brasileira das Empresas de Filtros Automotivos, Industriais e para Estações de Tratamento de Água, Efluentes e Reúso, a iniciativa já reciclou 52.552.835 filtros até novembro de 2025, atuando em quatro estados: São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.
Esse volume equivale a uma média superior a 4 milhões de filtros por ano, cerca de 337 mil por mês, 11 mil por dia ou aproximadamente 460 filtros por hora desde o início do programa. O total reciclado já supera a própria frota circulante de veículos no país – automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus –, estimada em 48.080.877 unidades, segundo estudo do Sindipeças.
A regularidade e a escala diária da reciclagem demonstram não só a eficiência operacional do programa, mas também um compromisso contínuo com a sustentabilidade e a destinação adequada de resíduos pós-consumo de alto impacto ambiental.
“Criado em 2012 para atender à legislação ambiental do Estado de São Paulo, que incluiu o filtro usado de óleo lubrificante automotivo – classificado como Resíduo Perigoso Classe I – entre os produtos sujeitos à logística reversa, o programa foi posteriormente expandido para outros estados, acompanhando a evolução das normas locais”, explica João Moura, presidente executivo da Abrafiltros. “Hoje, é visto como referência por órgãos governamentais pelos resultados significativos que apresenta”, completa.
Em São Paulo, o Descarte Consciente Abrafiltros opera desde 2012. No ano seguinte, chegou ao Paraná; em 2015, avançou para o Espírito Santo; e, em 2020, passou a atuar também no Mato Grosso do Sul. “As legislações ambientais seguem evoluindo, e novos estados devem aderir ao programa. O Amazonas, por exemplo, já conta com o Decreto Estadual 50.890/24 e deve receber um projeto-piloto em breve, dependendo da aprovação da proposta de implantação pelos órgãos ambientais”, projeta Marco Antônio Simon, gestor do programa. Ele reforça que as normas estaduais precisam incluir os filtros usados de óleo lubrificante automotivo entre os produtos-alvo da logística reversa.
Como o consumidor brasileiro geralmente não troca filtros em casa, toda a coleta é feita diretamente nos geradores: postos de combustíveis, centros automotivos, concessionárias e oficinas. A operação é executada pelas empresas do Grupo Supply Service, responsáveis também pelo tratamento, processamento e destinação ambientalmente adequada dos resíduos. “Nada vai para aterros sanitários. O metal, que representa cerca de 23% do volume, segue para siderúrgicas; o OLUC – Óleo Lubrificante Usado Contaminado –, cerca de 2%, vai para rerrefino; e aproximadamente 75% dos resíduos, incluindo elementos filtrantes e vedadores, são enviados para coprocessamento em cimenteiras, para geração de energia e aproveitamento das cinzas (clínquer) na fabricação de cimento”, detalha Simon.
A logística reversa, lembra ele, tem custo elevado e é integralmente financiada pelas 38 empresas participantes do programa. Cada uma responde pela coleta e reciclagem em proporção ao volume de filtros que comercializa nos estados regulados, seguindo metas graduais e abrangência geográfica definidas em Termos de Compromisso firmados com as Secretarias de Meio Ambiente. “As metas vêm sendo cumpridas desde o início, o que garante que as empresas integrantes do Descarte Consciente Abrafiltros se mantenham em conformidade com a legislação, evitando multas e sanções ambientais”, reforça o gestor.
Mais informações sobre o programa estão disponíveis em: https://www.abrafiltros.org.br/descarteconsciente/.














