Sindipeças aponta desaceleração na indústria de autopeças em agosto
De acordo com levantamento do Sindipeças, o mês de agosto apresentou retração para a indústria de autopeças, com queda de 3,9% no faturamento em relação a julho e leve alta de 2,1% no comparativo com o mesmo período de 2024 — crescimento sustentado exclusivamente pelas vendas para montadoras.
No acumulado do ano, os resultados ainda são positivos, com aumento nominal de 10,9% e crescimento real de 7,6%, embora a trajetória de expansão venha desacelerando nos últimos meses. Segundo o sindicato, todos os canais de venda apresentaram retração em agosto, o que evidencia um enfraquecimento generalizado do setor.
“Na comparação anual, apenas as vendas destinadas às montadoras permaneceram em terreno positivo, refletindo em parte a institucionalização do IPI Verde”, destacou o Sindipeças no relatório.
Pós-venda perde fôlego e exportações recuam
O mercado de reposição (aftermarket) vem despontando como o principal ponto de fragilidade. O segmento mantém crescimento acumulado de apenas 2,2% no ano, mas registrou queda de 13,8% em agosto frente ao mesmo mês de 2024, atingindo tanto a linha de veículos leves quanto pesados.
As exportações também recuaram, com redução de 8,2% frente a julho e queda de 10,9% na comparação anual. Parte desse desempenho foi atribuída à menor dinâmica comercial provocada pelas tarifas impostas pelo governo Trump às importações brasileiras.
Riscos políticos na Argentina e queda na demanda
A Argentina, tradicional parceira do setor, também passa por um período de aumento de incertezas.
“Os recentes conflitos políticos e o resultado desfavorável ao governo nas eleições da Província de Buenos Aires elevaram o risco em relação à continuidade das estratégias econômicas atuais, tornando os investidores mais cautelosos, mesmo com o apoio do governo dos Estados Unidos”, cita o relatório.
O cenário refletiu no aumento da ociosidade da indústria, que subiu 0,5 ponto percentual em agosto, em relação a julho.
Segundo o Sindipeças, o indicador reforça o arrefecimento da atividade industrial, provocado pela queda da demanda interna e externa e pelos ajustes de produção adotados pelas empresas para controlar estoques.
Emprego e perspectiva moderada
O nível de emprego no setor caiu 0,2% em agosto frente a julho, mas ainda mostra alta de 3,2% na comparação anual, refletindo a tentativa das empresas de manter quadros estáveis em meio à volatilidade econômica.
Mesmo com os desafios, o Sindipeças avalia que há espaço para retomada moderada nos próximos meses, caso a demanda interna se estabilize e o mercado externo recupere ritmo, especialmente nas exportações para países da América do Sul.
 
			















