Em ofício enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e a Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças) expressaram preocupação com o possível avanço de uma solicitação feita por montadoras chinesas instaladas no Brasil. Essas empresas pedem a redução do imposto de importação para veículos desmontados, nas modalidades CKD e SKD.
As entidades que representam o setor de autopeças afirmam que essa medida pode comprometer a competitividade da indústria nacional, pois enfraquece as condições para a produção local ao facilitar a entrada de conjuntos veiculares prontos para montagem. Esse cenário se agrava diante da possível elevação das tarifas de importação por parte dos Estados Unidos, o que tornaria o ambiente comercial ainda mais assimétrico para as empresas brasileiras.
De acordo com Cláudio Sahad, presidente das duas entidades, a combinação entre incentivos a produtos importados e o aumento de barreiras em mercados estratégicos ameaça diretamente a produção no Brasil. O setor teme retração na atividade industrial, perda de empregos e revisão dos investimentos anunciados pelas montadoras e fabricantes de autopeças.
O documento reforça que o comércio internacional é essencial para o desenvolvimento do setor, mas deve ocorrer em condições equilibradas e previsíveis, respeitando a produção nacional. A preocupação do setor não é com a concorrência em si, mas com a ausência de isonomia nas políticas industriais. Na visão das entidades, favorecer a entrada de produtos parcialmente montados, com menor valor agregado local, pode colocar em risco os avanços conquistados e comprometer a cadeia produtiva como um todo.
O alerta surge em um momento estratégico para a indústria automotiva brasileira, que avança em direção a soluções mais sustentáveis e tecnológicas. Manter um ambiente favorável à produção local é, segundo o setor, essencial para que o país aproveite as oportunidades da nova fase da mobilidade.