Tarifas dos EUA afetam competitividade da indústria de pneus brasileira

Impacto das tarifas dos EUA na competitividade da indústria brasileira de pneus

Impacto das Tarifas dos EUA na Indústria Brasileira de Pneus

Os pneus agrícolas, de carga e de motocicletas terão uma tarifa adicional que, somada à emergencial, totaliza 50% sobre as exportações para os EUA a partir de 6 de agosto, conforme informado pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP).

Segundo a entidade, os pneus de passeio permanecem com taxação de 25% (já aumentada de 10% para esse patamar em maio), enquanto os pneus de aeronaves (não fabricados no Brasil) passaram a ter uma tarifa adicional de 10%.

Nos primeiros seis meses deste ano, foram exportados 4,22 milhões de pneus de passeio, dos quais 1,45 milhão (34%) foram para os EUA. Já os pneus de carga totalizaram 1,32 milhão de unidades exportadas, com 502,8 mil destinadas aos EUA (38%).

As exportações de pneus agrícolas somaram 54,5 mil unidades no primeiro semestre, com os EUA representando 1% desse total, equivalente a 392 unidades.

De janeiro a junho, as exportações de pneus de motocicleta alcançaram 751,5 mil unidades, sendo que os EUA receberam 8% desse volume, ou 63,7 mil unidades.

“As tarifas de 50% e 25% impostas pelo governo norte-americano geram grande preocupação”, afirma Rodrigo Navarro, CEO da ANIP. “É mais um desafio para o setor, que desde 2020 enfrenta o aumento das importações, muitas vezes com preços abaixo do custo (dumping), prejudicando a indústria nacional, empregos, investimentos e a aquisição de matérias-primas locais.”

“Continuaremos nossos esforços junto aos principais interlocutores, incluindo os governos federal e estadual, além de outras entidades setoriais, para fortalecer o diálogo com o governo dos EUA”, complementa Navarro.

A ANIP tem mantido reuniões com o vice-presidente Alckmin, equipe do MDIC, governadores de São Paulo e Bahia, CNI, FIESP e FIEB, buscando contribuir e apoiar negociações e ações em andamento.

Em 2024, a indústria brasileira exportou 9,8 milhões de pneus, representando 20% das vendas totais do setor. Os EUA foram o principal destino, com 3,2 milhões de unidades (33,2% do volume exportado). De janeiro a junho, as exportações corresponderam a 22% das vendas totais, totalizando 5,5 milhões de pneus, sendo que os EUA responderam por 35,3% desse volume (1,9 milhão de unidades).

“Os volumes exportados equivalem à produção de uma fábrica de médio porte”, explica Navarro, que defende um diálogo construtivo, baseado em dados e negociação técnica com propostas para mitigar os impactos das tarifas.

“Essas tarifas prejudicam ambos os mercados e afetam especialmente as empresas que investiram em linhas de produção no Brasil exclusivamente para exportação aos EUA”, ressalta Navarro.

São Paulo é o estado mais afetado pelas tarifas americanas, concentrando 49,4% dos pneus produzidos para exportação em 2024, distribuídos em 9 fábricas. Até junho de 2025, esse índice subiu para 52,7%. A Bahia ocupa o segundo lugar, com 24,3% de participação em 2024 e 21,9% em 2025, contando com 3 fábricas. Outros estados relevantes para exportação incluem Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

Tarifas dos EUA afetam competitividade da indústria de pneus brasileira
Tarifas dos EUA impactam competitividade da indústria brasileira de pneus.