Varejo paulista se adapta no segundo semestre para sustentar crescimento e competitividade

Varejo paulista ajusta estratégias no segundo semestre para manter crescimento e competitividade.

Comércio Paulista no Segundo Semestre

O segundo semestre deste ano exigirá atenção redobrada para o comércio paulista, diante das incertezas internas e externas que podem desacelerar o crescimento das vendas. A análise econômica apresentada por Kelly Carvalho, assessora da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), durante encontro regional realizado na última terça-feira (12) pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material Óptico, Fotográfico e Cinematográfico do Estado de São Paulo (Sindiôptica-SP), revela que, apesar de alguns avanços no varejo, o cenário continua desafiador, com inflação acima da meta, juros elevados, incertezas internacionais e aumento dos custos para manter os negócios ativos.

O evento — que teve como anfitrião o presidente do Sindiôptica-SP, Luiz Paulo Rodrigues Leite — contou com a participação do presidente em exercício da FecomercioSP, Ivo Dall’Acqua Júnior, do assessor jurídico Paulo Igor Alves de Souza e da economista Kelly Carvalho, ambos da entidade. Além do Sindiôptica, estiveram presentes representantes de sete sindicatos patronais da Câmara Regional Capital do Conselho do Comércio Varejista (CCV), incluindo o presidente do Sincopeças-SP, Heber Carvalho. A reunião foi coordenada pelo líder da regional capital e presidente do Sindilojas-SP, Aldo Macri.

Varejo paulista se adapta no segundo semestre para sustentar crescimento e competitividade
Presidente do Sincopeças-SP, Heber Carvalho (segundo à esquerda), prestigiou o encontro que reuniu representantes de sete sindicatos patronais da Câmara Regional Capital do Conselho do Comércio Varejista (CCV).

De acordo com dados da FecomercioSP, entre janeiro e maio, o comércio paulista criou 15.992 vagas formais, revertendo as quedas observadas no início do ano. Só em maio, foram abertas 8.704 novas vagas, das quais 6 mil no varejo — resultado da diferença entre 112,7 mil admissões e 106,7 mil desligamentos. Esse desempenho reflete, em parte, o impacto das datas comemorativas e a retomada gradual das contratações para atender à demanda. Contudo, é importante considerar a alta rotatividade do setor: muitas admissões podem corresponder à substituição de trabalhadores desligados, o que gera saldo positivo mesmo sem expansão significativa do quadro total de empregados.

O saldo de abertura de empresas no Estado de São Paulo também foi positivo, segundo a Fundação Seade, com 520 novas inscrições entre junho de 2024 e maio de 2025, das quais mais de 105 mil foram no comércio (20,3% do total). No entanto, diante do cenário econômico atual, grande parte desses negócios substituiu outros que encerraram atividades, evidenciando que a sobrevivência empresarial exige cautela, gestão eficiente e rigoroso controle de custos.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulou 5,13% em 12 meses até julho, impactando diretamente as famílias de menor renda e servindo como referência para negociações salariais no comércio. A taxa Selic, mantida em 15% ao ano, limita crédito e investimentos, enquanto a política monetária permanece focada em conter a inflação. Além disso, pressões externas, como a sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos, e internas, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tendem a elevar custos e gerar insegurança jurídica.

Modernização das normas coletivas

Durante o encontro, as lideranças empresariais da região discutiram também a modernização das normas coletivas. O assessor jurídico Paulo Igor apresentou um panorama atualizado das regras trabalhistas, destacou os principais desafios econômicos e trabalhistas e sugeriu medidas para promover maior equilíbrio financeiro e segurança jurídica para as empresas.

Segundo a FecomercioSP, o período de negociações coletivas que se aproxima, especialmente nas datas-base de setembro, deverá equilibrar três pontos essenciais: sustentabilidade dos negócios, preservação do poder de compra dos trabalhadores e estabilidade nas relações laborais. “O momento exige que os empresários estejam atentos ao caixa, planejem o futuro e busquem eficiência para superar este período desafiador”, reforçaram os assessores da entidade.